O ministro da Presidência da Bolívia, Jerjes Justiniano, afirmou nesta segunda-feira (18) que o governo de Jeanine Áñez, presidente autoproclamada do país, avalia a convocação de novas eleições por decreto, caso não haja acordo no Congresso com os representantes do partido de Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS).
— Se percebermos que há dificuldades para convocar as eleições, uma das sugestões que o Ministério da Presidência fará é que convoquemos eleições imediatamente por meio de algum outro instrumento legal — afirmou Justiniano.
A convocação de eleições por decreto já ocorreu antes na Bolívia, no mandato do presidente provisório Eduardo Rodríguez Veltzé (2005-2006), que era também presidente da Suprema Corte, e serve como jurisprudência para o atual governo. Entretanto, a Constituição boliviana era diferente na ocasião.
Apesar de governo e oposição afirmarem que querem paz e diálogo, ainda não se sabe como o Congresso se posicionará nos próximos dias.
O MAS tem maioria no Senado e na Câmara e pode barrar votações importantes como a convocação de novas eleições.
Renúncia
No último dia 10, pressionado pelas forças armadas, Evo Morales renunciou ao cargo de presidente e se asilou no México. Inicialmente, a posse do novo presidente estava prevista para o dia 20 de janeiro de 2020. O atual governo, que é temporário, tem pela frente o desafio de convocar novas eleições o quanto antes.
A chanceler boliviana, Karen Longaric, disse nesta segunda que as próximas eleições serão as mais transparentes da história do país e ressaltou o apoio que a Bolívia tem recebido de organismos internacionais.
— Estamos todos muito entusiasmados por realizar as eleições mais transparentes da história da Bolívia e recuperar a credibilidade do povo. É a única maneira de consolidar instituições democráticas no país — disse.
— O Ministério das Relações Exteriores entrou em contato com diferentes organizações internacionais que podem participar desse processo de diálogo sobre a paz. Estamos falando das Nações Unidas, da União Europeia e da OEA, que nos fornecerá assistência técnica — afirmou Longaric.