O Estado Islâmico (EI) confirmou nesta quinta-feira (31) que seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, foi assassinado, segundo um áudio divulgado pela Amaq, a agência de notícias do grupo extremista. O EI também confirmou a morte do porta-voz Abu al-Hassan al-Muhajir, e informou a nomeação de Abi Ibrahim al Hashimi al Qurashi como novo líder.
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou a morte de Baghdadi em um pronunciamento no domingo (27) na Casa Branca.
Segundo Trump, Baghdadi estava sendo monitorado há semanas e, durante uma operação na Síria, na província de Idlib, na fronteira com a Turquia, o extremista foi perseguido em um túnel. Ao se ver acuado por militares dos EUA, acionou um colete de explosivos, matando a si mesmo e outras três crianças que o acompanhavam.
— Seu corpo foi mutilado pelas explosões. O túnel desabou sobre ele — afirmou o líder americano, que também descreveu o extremista "choramingando e chorando" ao ser acossado.
Ainda de acordo com o discurso do republicano, o chefe do EI foi identificado por meio de testes de DNA 15 minutos após a morte.
A morte de Baghdadi ocorre semanas depois de Trump anunciar a retirada das tropas americanas da Síria, o que gerou críticas de que a mudança levaria ao refortalecimento do Estado Islâmico.
No auge de seu poder, o Estado Islâmico dominou milhões de pessoas em um território que ia do norte da Síria, passando por cidades e vilarejos ao longo dos vales dos rios Tigre e Eufrates, até os arredores de Bagdá, no vizinho Iraque .
Contudo, a queda em 2017 de Mossul e Raqqa, suas fortalezas no Iraque e na Síria, respectivamente, tirou de Baghdadi os privilégios de um autodeclarado califa e o transformou em um fugitivo. Ele passou então a se deslocar ao longo da fronteira do deserto entre o Iraque e a Síria. Havia, segundo a agência de notícias Reuters, uma recompensa de US$ 25 milhões (cerca de R$ 100 milhões) por sua captura.
Baghdadi liderava o EI desde 2010, quando ainda era uma ramificação da Al Qaeda no Iraque. Seus sucessos militares iniciais e a propaganda eficaz levaram milhares de pessoas a se alistarem em suas filas.
O EI reivindicou diversos ataques contra minorias religiosas e atentados violentos no mundo todo em nome de uma interpretação radical do islamismo, a exemplo dos atentados de Paris, em 2015, um dos piores da história recente da França, em que cerca de 130 pessoas morreram, além de ações em Nice, Orlando, Manchester, Londres, Berlim, Arábia Saudita e Egito.
Nos últimos anos, o Estado Islâmico perdeu a maior parte de seu território, o que tirou do grupo a base logística a partir da qual treinava combatentes e planejava ataques no exterior. Especialistas em segurança, no entanto, afirmam que a facção continua sendo uma ameaça devido a operações e ataques clandestinos.