O grupo extremista Estado Islâmico deixou mais de 200 valas comuns com cerca de 12 mil corpos nas províncias do Iraque que controlou entre os anos de 2014 e 2017. A descoberta foi anunciada pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira. Em relatório, a Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque e o Escritório de Direitos Humanos da ONU pedem às autoridades iraquianas que os lugares sejam preservados, para obter provas dos crimes e dar respostas às famílias dos desaparecidos.
Dos 12 mil corpos, somente 1.258 foram exumados. Esses cadáveres foram encontrados províncias de Nínive, Kirkuk e Saladino, no norte do Iraque, e em Al Anbar, no oeste do país, afirma a ONU.
Ao sul da cidade de Mossul, que foi o principal centro de operações do Estado Islâmico, existe um cova natural, denominada de Khasfa (precipício, em árabe) onde eram executados diariamente dezenas de iraquianos — principalmente membros das forças de segurança.
Há um ano, o Iraque proclamou vitória frente ao Estado Islâmico. Nas últimas semanas, com a organização terrorista desbaratada, os Estados Unidos encerraram as operações contra a facção. Agora, as organizações internacionais pedem que os locais das valas comuns sejam protegidos e as exumações, feitas de acordo com as normas. Somente assim, diz a ONU, será possível investigar, julgar e condenar os criminosos de acordo com os padrões internacionais.
Segundo o relatório, ao longo de três anos, os extremistas cometeram "violações sistemáticas dos direitos humanos e do direito humanitário - alguns atos que podem constituir crimes de guerra, crimes contra a humanidade e um possível genocídio".
— Embora os crimes horríveis do Estado Islâmico já não estejam mais nas manchetes, o trauma das famílias das vítimas continua existindo e o destino de milhares de mulheres, homens e crianças é desconhecido — afirmou a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
— Determinar as circunstâncias desse numerosos mortos será uma etapa importante no processo de luto das famílias e na corrida para garantir o direito à verdade e à justiça —afirmou o representante especial da ONU no Iraque, Jan Kubis.