Ao menos 40 pessoas morreram nesta sexta-feira (25) no Iraque em decorrência de confrontos entre forças de segurança, integrantes de milícias e manifestantes que protestavam contra o governo. Os episódios mais graves aconteceram em Bagdá e em cidades do sul do país. Em Amara — a 300 quilômetros a sudeste da capital —, membros da milícia Asaib Ahl al-Haq, que tem apoio do Irã, abriram fogo contra o público.
Na capital, os agentes dispararam gás lacrimogêneo para dispersar milhares de manifestantes que se reuniram nos acessos à Zona Verde, onde estão os principais órgãos do governo e a embaixada dos Estados Unidos.
Com a bandeira do país, os manifestantes responderam com gritos de "com vida e sangue defendemos você, Iraque". A maior parte das vítimas era manifestante, mas ao menos um agente de inteligência do governo e um membro da milícia também morreram.
Em todo o país, quase 1,8 mil pessoas ficaram feridas durante os atos, de acordo com autoridades, incluindo 68 militares.
No poder há um ano, o governo do premiê Adel Abdel Mahdi decretou uma mobilização geral das forças de segurança a partir da noite de quinta-feira (24) para conter os distúrbios. Os manifestantes protestam contra a corrupção e exigem empregos e serviços públicos de qualidade em um país rico em petróleo, mas no qual falta eletricidade e água potável.
— Tudo que queremos são quatro coisas: trabalho, água, eletricidade e segurança — disse Ali Mohammed, 16 anos, enquanto usava uma camiseta para não inalar o gás das bombas na praça Tahrir, no centro de Bagdá.
Esta é a segunda onda de protestos violentos no país este mês. Uma série de choques entre manifestantes e forças de segurança ocorrida há duas semanas deixou 157 mortos e mais de 6 mil feridos.
Os tumultos interromperam quase dois anos de estabilidade relativa no Iraque, palco da invasão americana, de uma guerra civil e de uma insurgência do Estado Islâmico entre 2003 e 2017.