O informante americano Edward Snowden, refugiado na Rússia depois de ter denunciado a vigilância maciça por parte dos Estados Unidos, disse que gostaria de voltar a seu país. Em entrevista divulgada nesta segunda-feira (16) pela rede CBS, Snowden, contudo, afirma que quer um "julgamento justo".
— Gostaria de voltar aos Estados Unidos, é meu principal objetivo, mas não vou passar o resto da minha vida na prisão — declarou. — Tenho uma reivindicação de base sobre a qual temos que nos colocar de acordo, que é a de um julgamento justo — afirmou.
Empregado na agência americana de inteligência NSA, Snowden revelou em 2013 a existência de um sistema de vigilância mundial de comunicações e de internet.
Enquanto seus defensores o elogiam por defender a privacidade, os Estados Unidos o acusam de espionagem, roubo de segredos de Estado e de pôr em risco a segurança nacional.
Ele se refugiou em 2013 na Rússia, onde seu visto de residência foi renovado até 2020.
— Não estou pedindo perdão. Não estou pedindo um passe — disse.
O informante também acusou as autoridades americanas de prever "um julgamento de outro tipo" com "procedimentos especiais".
— Não querem que o júri considere as motivações que me incentivaram a agir. (...) Apenas querem que analise se minhas ações foram legais ou ilegais, e não se foram justas ou ruins — lamentou. — Não é difícil construir um terreno para dizer que violei a lei — reconheceu Snowden.
Contudo, de acordo com ele, "isso é o menos interessante" e os juízes deveriam se perguntar sobre as consequências de suas ações.
— Beneficiaram ou afetaram os Estados Unidos? — exemplificou.
Snowden publicará em 17 de setembro suas memórias em cerca de vinte países, entre eles Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Brasil e Taiwan. O livro, intitulado Permanent Record, será publicado no mundo todo pela Macmillan Publishers.