Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) que fugiu para a Rússia após vazar informações sobre o programa de vigilância do governo dos Estados Unidos (EUA), publicará um livro contando suas memórias. Permanent Record estará à venda a partir de 17 de setembro.
Na publicação, Snowden descreve em detalhes o seu histórico e o que o levou a divulgar detalhes dos programas secretos executados pela NSA e pela sede de comunicação secreta do Reino Unido, GCHQ. Entrevistado pelo jornal britânico The Guardian, o ex-analista afirmou que hoje em dia é capaz de levar uma vida diária relativamente normal, e sente menos medo do que quando chegou à Rússia em 2013 — período em que conta que estava paranoico, temendo ser alvejado nas ruas por agentes norte-americanos.
— Eu era a pessoa que o governo mais poderoso do mundo queria que fosse embora. Eles não se importavam se eu fosse à prisão. Eles não se importavam se fosse para debaixo da terra. Eles só queriam que eu fosse embora — afirmou.
Permanent Record registra os fatores que o levaram a trocar o trabalho na NSA e na Agência de Inteligência americana (CIA) para uma viagem a Hong Kong, onde entregou um cache de documentos sigilosos ao jornalista americano Glenn Greenwald, contratado à época pelo The Guardian. Os documentos revelaram a escala da vigilância em massa pelos EUA, Reino Unido e seus aliados.
Ele está no topo da lista de procurados pelos americanos e pode enfrentar décadas de prisão se for detido. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos em 2013 e nos anos imediatamente seguintes mostraram uma divisão quase igual entre aqueles que o viam como traidor e aqueles que o viam como um herói.
— É engraçado que agora, seis anos depois, a imagem controversa que eu tinha começou a abrandar — afirmou.
De acordo com Snowden, mesmo as pessoas que não gostavam dele agora estão preparadas para aceitar que "vivemos em um mundo melhor, mais livre e seguro por causa das revelações da vigilância em massa".
Entretanto, o ex-analista está preocupado com o fato de os Estados Unidos e outros governos, aliados a empresas de internet, estejam caminhando para criar um registro permanente do dia a dia de todas as pessoas na Terra.
— O maior perigo ainda está por vir, com o aprimoramento das capacidades de inteligência artificial, como reconhecimento facial e de padrões — disse. — Uma câmera de vigilância equipada com inteligência artificial não seria um mero dispositivo de gravação, mas poderia ser transformada em algo mais próximo de um policial automatizado — afirmou.
Apesar de já existir livros que abordam o caso, em Permanent Record, os fatos são contados a partir do ponto de vista de Snowden. No Brasil, será publicado pela editora Planeta Livros e deve acompanhar o lançamento mundial.