Consultor da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) que expôs a dimensão da espionagem no mundo, Edward Snowden falou para o Fantástico por e-mail. Na entrevista mostrada neste domingo pelo programa da TV Globo, Snowden afirmou que não aceitaria trocar informações por asilo. Foi uma resposta à especulação de que poderia aceitar dar mais informações sobre dados coletados no Brasil pela NSA em troca de poder viver no Brasil.
O ex-funcionário da NSA, no entanto, não descartou a possibilidade de vir morar no Brasil e o governo oferecer. "Claro! Se o governo brasileiro quiser defender os direitos humanos, será uma honra para mim fazer parte disso", afirmou em resposta enviada por e-mail ao Fantástico. Snowden falou sobre seu asilo na Rússia e outras questões pessoais, como a dificuldade de viver longe da família, que ficou nos EUA. Quando perguntado sobre que outros interesses a espionagem da NSA teria sobre o Brasil, ele preferiu não responder. As respostas da entrevista vieram através de seu advogado, para que ela não fosse interceptada e evitar a localização exata de Snowden. O ex-técnico tem asilo temporário na Rússia até agosto do ano que vem.
Em junho, uma reportagem publicada no jornal britânico The Guardian relevou o esquema de monitoramento de dados organizado pelo governo dos Estados Unidos. A fonte das informações era Snowden, que havia atuado como consultor técnico da NSA. Ele revelou que
a NSA coletou dados de ligações telefônicas de milhões de cidadãos americanos a partir do programa de monitoramento chamado de Prism. O ex-consultor também revelou que a Casa Branca acessava fotos, e-mails e videoconferências de quem usava os serviços de empresas como Google, Skype e Facebook. Um dos autores das reportagens do The Guardian era o também americano Glenn Greenwald, que vive no Brasil.
Em julho, Greenwald publicou reportagens no jornal O Globo e deu informações ao Fantástico sobre o monitoramento de chamadas telefônicas e de e-mails de brasileiros e estrangeiros no Brasil. O fato causou mal-estar entre governos brasileiros e dos Estados Unidos. Com o argumento de que prática fere os princípios de não-intervenção e soberania nacional, a presidente Dilma Rousseff cancelou uma viagem a Washington, onde se encontraria com Barack Obama. O governo federal e o Congresso Nacional criticaram o vazamento e realizaram uma série de encontros com representantes norte-americanos para discutir o tema