A quinta votação interna dos 313 deputados conservadores para escolher quem substituirá Theresa May no comando do Reino Unido definiu nesta quinta-feira (20) os dois finalistas: são eles Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e favorito na disputa, e Jeremy Hunt, atual ministro das Relações Exteriores.
Os parlamentares deram a Hunt dois votos a mais (77) do que a Michael Gove, atual ministro do Ambiente (75), eliminado da disputa.
Johnson não tomou conhecimento da disputa pelo segundo lugar: amealhou 160 apoios e é favoritíssimo a suceder May, sobretudo pelo discurso linha-dura em relação ao Brexit. Ele promete tirar os britânicos do bloco europeu no dia 31 de outubro, atual Dia D da despedida (já adiada duas vezes), seja como for — ou seja, com ou sem acordo referendado pelo Parlamento.
Mais cedo, também nesta quinta, durante a quarta rodada de votação, o eliminado havia sido o ministro do Interior, Sajid Javid, com 34 votos.
Quem vencer o duelo será o novo premiê do Reino Unido, substituindo a correligionária Theresa May, que não resistiu a três tentativas malsucedidas de fazer o Parlamento aprovar um acordo de saída do país da União Europeia.
Na próxima etapa, todos os filiados ao partido podem votar. Estima-se que eles sejam cerca de 160 mil. A escolha final deve acontecer na semana de 22 de julho.
O perfil da militância conservadora, bastante eurocética, harmoniza-se com essa retórica. Além disso, os direitistas de carteirinha costumam vir de classes mais abastadas. Para cortejá-los, Johnson incluiu em seu programa de governo a proposta de elevação do piso a partir do qual incide a alíquota mais alta do equivalente ao imposto de renda.
Hunt, de seu lado, é quase um progressista na comparação com o oponente. Votou "remain" (pela permanência do país na UE), mas entende que é preciso levar a cabo o processo detonado pelo plebiscito de junho de 2016 em que a maioria escolheu o adeus à Europa.
Já declarou que vai fazer tudo o que for possível para tornar o "acordo de divórcio" mais palatável aos britânicos, o que incluiria mandar um novo elenco de negociadores a Bruxelas para tentar alterar pontos do pacto — o bloco, porém, diz há meses que o documento não será revisto.
Hunt já descreveu o cenário de um Brexit duro, sem acordo como "suicídio político", porque quase que certamente levaria à apresentação de uma moção de desconfiança no Parlamento — não há maioria para o tal "no deal" no plenário.
A votação que definiu a queda de braço final entre Johnson e Hunt foi a quinta em uma semana. Desde o último dia 10, a lista de concorrentes (10, no começo) foi sendo progressivamente ceifada — o menos votado e aqueles que não atingiam um piso fixado pelo partido para cada rodada eram eliminados.