O presidente Jair Bolsonaro participou, nesta sexta-feira (3), da cerimônia de formatura da nova turma do Instituto Rio Branco, escola de formação de diplomatas do Itamaraty. Em discurso, ele voltou a comentar as eleições argentinas de outubro.
Sem citar nominalmente a ex-presidente Cristina Kirchner, Bolsonaro disse que a volta da ex-mandatária de esquerda ao país vizinho poderia criar uma "nova Venezuela" na América do Sul.
— Além da Venezuela, a preocupação de todos nós deve voltar-se à Argentina, sobre quem poderá voltar a governar aquele país — afirmou Bolsonaro. — Não queremos, o mundo inteiro não quer, outra Venezuela mais ao sul do nosso continente — defendeu.
Dirigindo-se aos diplomatas recém-formados, o presidente pediu que eles trabalhem para defender "a democracia e a liberdade, em nossa região e no mundo":
— Não permitam que o nosso país seja definido de fora, com base em conceitos alheios.
Além disso, de acordo com Bolsonaro, o governo vai manter o concurso para a admissão de novos diplomatas neste ano. Segundo ele, o tema foi acertado entre os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e Economia, Paulo Guedes.
Para a plateia de diplomatas, o presidente disse que o concurso será realizado "como prova de reconhecimento do trabalho" dos servidores do Itamaraty.
No Ministério das Relações Exteriores, havia o temor de que, como parte do ajuste fiscal promovido por Guedes, a prova de admissão de novos diplomatas de 2019 fosse suspensa. Caso o concurso fosse de fato barrado pela equipe econômica, seria o primeiro ano sem prova de admissão para a carreira diplomática desde 1946.
Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que seu governo tem um "projeto de Brasil grande, soberano e próspero".
— Quero que saibam que a política externa conduzida pelo Itamaraty e capitaneada pelo ministro Ernesto (Araújo, das Relações Exteriores) será essencial para os sucessos desse projeto — declarou o presidente.
Em meados de março, num café da manhã com jornalistas, Bolsonaro disse que faria uma série de trocas em embaixadas do Brasil no Exterior. Segundo ele, as alterações eram necessárias porque a imagem do Brasil na arena internacional está sendo vendida de "maneira ruim".
— Não sou ditador, homofóbico, racista — afirmou o presidente, à época.