A ex-presidente argentina Cristina Kirchner, 66, deve sentar-se no banco dos réus pela primeira vez no próximo dia 21 de maio no julgamento do caso conhecido como "Los Sauces".
Mesmo investigada por este e outros seis episódios de corrupção, a atual senadora planeja concorrer às eleições presidenciais marcadas para 27 de outubro.
Em pesquisa divulgada no fim de semana pela consultora Isonomia, Cristina levaria nove pontos de vantagem num eventual segundo turno contra Mauricio Macri, atual ocupante do cargo.
Apesar de as candidaturas serem formalizadas apenas em junho, quando termina o prazo de inscrição para as eleições primárias de agosto, a sondagem dá 45% dos votos a Cristina contra 36% para Macri em um segundo turno.
Já no primeiro, ambos estariam em empate técnico, com cerca de 30% dos votos.
O terceiro colocado depende ainda da definição de quem será o candidato do peronismo moderado.
O melhor posicionado é Sergio Massa, seguido do ex-ministro da Economia Roberto Lavagna e do governador de Salta, Juan Manuel Urtubey. Também há dúvida sobre uma provável candidatura independente da União Cívica Radical, que vinha integrando a base aliada de Macri.
A situação econômica da Argentina vem piorando, com aumento da inflação — que chegou a seu recorde desde 1991, com 4,7%, em março — e da pobreza, que já atinge 32% da população. Esse quadro vem debilitando as chances de reeleição do atual presidente.
O julgamento de Cristina, marcado para 21 de maio, envolve a acusação de desvio e lavagem de dinheiro público por meio dos hotéis que pertencem à família Kirchner na Patagônia.
A ex-presidente vive momentos conturbados. Sua filha, Florencia, 28, também acusada de receber dinheiro ilícito em uma conta em seu nome aberta pela mãe, está internada em Cuba, para onde a ex-presidente obteve permissão de viajar — Cristina estava impedida pela Justiça de sair do país. Na véspera da viagem, morreu sua mãe, Ofelia.
Porém, a proposta de Cristina de concorrer à eleição presidencial no próximo dia 27 de outubro segue firme. O anúncio oficial deve acontecer no próximo dia 20 de maio, justamente um dia antes do julgamento, no estádio do time de futebol Racing, um dos mais tradicionais de Buenos Aires.
Por ora, Cristina pode responder ao processo, mas, se a Justiça quiser determinar sua prisão, precisa pedir ao Congresso que retire o foro privilegiado a que ela tem direito em razão de seu mandato de senadora.