Poucas horas antes da chegada do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, cerca de 50 pessoas fizeram um protesto contra o brasileiro em frente à Casa Branca, em Washington.
A maior parte dos manifestantes era de americanos, como o ativista Sean Blackmon, 31 anos. Segundo ele, a reunião de dois líderes políticos à direta, como Bolsonaro e Donald Trump, "vai significar apenas coisas ruins para as pessoas oprimidas de seus países".
— O sexismo, racismo e homofobia que vêm de Trump é a mesma coisa que vem de Bolsonaro, que ataca o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e outros movimentos progressistas no Brasil — declarou Blackmon.
Para o ativista, que liderou um protesto em Washington logo após o assassinato da vereadora Marielle Franco, há um ano, a capital americana é o centro do mundo e é por isso que manifestações como essas são importantes para chamar atenção para essas causas:
- Eles (Trump e Bolsonaro) querem consolidar poder diante dos mais fracos.
Para a estudante brasileira Débora de Oliveira, 26 anos, que mora nos EUA há dois anos, americanos "têm mais consciência" sobre o que Bolsonaro representa, e o acham parecido com Trump. Blackmon, por sua vez, avalia que o brasileiro está à direita do presidente americano, mas que ambos representam a exploração e opressão das minorias.
Débora criticou ainda a declaração do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que afirmou que os brasileiros ilegais nos EUA são uma "vergonha".
— Não acho que é uma vergonha. A maioria da comunidade brasileira apoia Bolsonaro e Trump. Os brasileiros vêm pra cá procurar uma vida melhor — disse a estudante.
Já o americano Andrew Miller, do movimento Amazon Watch, afirmou que o interesse dos americanos em protestar contra Bolsonaro está na proximidade dos temas em debate entre os movimentos sociais dos dois países:
— Trump é um oportunista, não é ideológico. Presumo que Bolsonaro, por ter origem militar, seja mais ideológico — disse Miller. —Aqui nos EUA, temos polícia matando negros, como no Brasil, temos racismo, homofobia, existe a política de Bolsonaro sobre a Amazônia, sobre a qual estamos preocupados. É uma rede de solidariedade entre os dois países.
O protesto foi organizado pelo grupo Unite Against Hate D.C. Bolsonaro chegaria neste domingo (17) a Washington. Ele ficará hospedado na Blair House, em frente à Casa Branca, onde ocorreu o protesto. Mas ainda não havia chegado ao local quando os manifestantes se dispersaram.
Na terça (19), Bolsonaro se encontra com Trump para uma reunião de trabalho e um almoço. Em seguida, ambos farão uma declaração à imprensa. A visita concretiza o alinhamento ideológico de Bolsonaro ao governo dos EUA, mas deve resultar em poucos acordos concretos.
Em entrevista à TV Record, Eduardo Bolsonaro disse que vê "com muita felicidade" os protestos contra a visita de seu pai:
— Eu estava até triste quando recebi a primeira notícia de que não haveria protestos. Alguns protestos dão até chance de maior notoriedade à visita.
Segundo Eduardo Bolsonaro, ninguém está imune a críticas e "algumas críticas certamente são bem-vindas. É bem normal da democracia", afirmou.