O presidente da Venezuela Nicolás Maduro manteve, nesta quinta-feira (20) o tom agressivo contra o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, e desafiou o vice-presidente eleito Hamilton Mourão a enfrentá-lo pessoalmente.
— A Venezuela não é o Brasil. Aqui não vai ter um Bolsonaro. Aqui será o povo e o chavismo por muito tempo. (...) Bolsonaro aqui não teremos nunca, porque nós construímos a força popular — afirmou Maduro em ato do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Em seguida, o presidente venezuelano reafirmou que existe um complô dos Estados Unidos para derrubá-lo, com o apoio de Brasil e Colômbia — possibilidade até agora rechaçada pelos três países. Na sequência, Maduro afirmou que o general Antônio Hamilton Mourão, vice-presidente eleito do Brasil, é "louco da cabeça" por ter defendido eleições "normais" na Venezuela.
— Aqui lhe espero, com milhões de homens, mulheres, e com a Força Armada. Aqui lhe espero, Mourão, venha pessoalmente — declarou Maduro, referindo-se à milícia civil recém constituída e que afirma ter 1,6 milhão de combatentes.
No dia 10 de janeiro, Maduro inicia um segundo mandato de seis anos, após ser reeleito em votação boicotada pela oposição e denunciada pelos EUA, pela União Europeia e por vários países da América Latina, inclusive o Brasil. Nos últimos meses, depois da eleição de Jair Bolsonaro, o presidente venezuelano denunciou uma aliança para "derrubá-lo e assassiná-lo", que teria a participação de Brasil e Colômbia e a coordenação do assessor de segurança nacional dos EUA, John Bolton. As três afirmações foram negadas pelos países envolvidos.
Maduro disse que Bolton deu instruções para "provocações militares na fronteira" entre Venezuela e Brasil durante uma reunião com Jair Bolsonaro, que aconteceu no dia 29 de novembro. No dia 10 de dezembro, bombardeiros russos com capacidade nuclear chegaram à Venezuela para exercícios militares.
Um dia após sua vitória eleitoral, em outubro, Bolsonaro descartou uma eventual intervenção militar na Venezuela, apesar das "sérias dificuldades" causadas pela "ditadura" de Maduro.
A pressão diplomática contra Maduro por parte de países vizinhos como Brasil e Colômbia aumenta diante da chegada de milhares de imigrantes venezuelanos que fogem da crise econômica em seu país.