Centenas de pessoas se encontram desaparecidas nesta terça-feira (24) no Laos, e as autoridades temem um grande número de mortos, após a ruptura de uma represa hidroelétrica em construção que submergiu seis aldeias em um dos países mais pobres do Sudeste Asiático.
Dezenas de moradias na zona inundada ficaram totalmente submersas, como mostram imagens aéreas feitas pelas equipes de resgate.
Outras imagens difundidas pela agência oficial mostram dezenas de pessoas amontoadas em barcaças.
Situada na província de Attapeu (sudoeste), perto da fronteira com o Vietnã, a represa rompeu na noite de segunda-feira, liberando 5 bilhões de metros cúbicos de água e "deixando vários mortos e centenas de desaparecidos", de acordo com a agência oficial do regime comunista.
"Várias casas foram destruídas", acrescenta a fonte.
"O projeto hidroelétrico Xe-Pian Xe-Namnoy desabou", confirmou a empresa Xe Pian-Xe Namnoy Power Company (PNPC), encarregada da construção da represa.
"O acidente foi causado pelas contínuas chuvas que fizeram que grandes quantidades de água se acumulassem", acrescentou.
Dezenas de represas estão atualmente em construção no Laos, financiadas majoritariamente pela China. Grande parte da energia hidroelétrica é exportada para os países vizinhos, em particular a Tailândia.
"Dez já estão em operação, entre 10 e 20 ainda estão em obras, e outras dezenas estão na fase de projetos", detalhou à AFP Toshiyuki Doi, da ONG Mekong Watch.
- 'Bateria do Sudeste Asiático' -
Situada no coração da península da Indochina, o pequeno Estado rural e montanhoso tem como objetivo se converter na "bateria do Sudeste Asiático".
Há anos, as organizações de defesa do meio ambiente manifestaram sua preocupação com essas ambições hidroelétricas do Laos, especialmente pelo impacto das represas no rio Mekong, sua flora e fauna, assim como sobre as populações rurais e as economias locais.
A represa da província de Attapeu, uma obra de mais de 1 bilhão de dólares, está em construção desde 2013.
Por trás desse projeto está a Xe Pian-Xe Namnoy Power Company (PNPC), uma joint venture formada pela companhia tailandesa Ratchaburi Electricity Generating Holding, pela sul-coreana Korea Western Power e a laosiana Lao Holding State Enterprise.
A represa, de 410 megawatts de potência, deveria começar a fornecer energia em 2019, segundo o site da PNPC. Do total, 90% da energia produzida seria exportada para a Tailândia.
Há outro projeto gigante atualmente em curso no Laos. Trata-se da represa hidroelétrica de Xayaburi, construída pelo grupo tailandês CH Karnchang. Seu custo está avaliado em 3,8 bilhões de dólares para uma potência de 1.285 megawatts.
* AFP