Um manifestante venezuelano passa correndo envolvido em chamas. Esta é a imagem vencedora do prêmio mais prestigiado do fotojornalismo mundial, o World Press Photo. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (12), em Amsterdã, na Holanda.
A imagem foi produzida pelo fotógrafo Ronaldo Schemidt, 46 anos, da Agence France-Presse (AFP), na Venezuela.
— Tenho sentimentos ambíguos (sobre a foto) — disse. — Tenho amigos e familiares lá. Sei, assim como todo o mundo, o que a Venezuela está vivendo.
Schemidt deixou seu país natal há 18 anos e vive atualmente na Cidade do México, onde trabalha para a AFP. Ele viajou para a Venezuela para cobrir quase todas as etapas de sua história recente, documentando o caos em que o pujante país petroleiro de sua infância se transformou.
No ano passado, cobriu durante dois meses os confrontos quase diários de manifestantes com as forças de segurança do governo de Nicolás Maduro.
A história da imagem
No dia 3 de maio de 2017, Schemidt estava no lugar certo para captar a imagem que se tornou a mais emblemática dos protestos. Ao fim de um dia longo e intenso, ele havia decidido acompanhar um pequeno grupo de manifestantes que corria por uma rua no que já foi um tranquilo bairro residencial de Caracas.
Ao chegar no local, viu um veículo blindado dirigir-se a um grupo de jovens. Os manifestantes tinham conseguido pegar uma moto da guarda nacional, que exibiam como troféu. No entanto, vazava gasolina da moto, que não demorou a pegar fogo e explodir.
Envolto em chamas, o estudante Víctor Salazar, de 28 anos, que sobreviveu ao incidente, correu desesperado. Schemidt capturou a imagem no instante em que o manifestante passava em frente a uma parede, pintada com o grafite de uma pistola que dispara a palavra "paz".