Dançando reggaeton e prometendo dar uma surra em seus adversários, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se apresentou formalmente nesta terça-feira (27) como candidato às eleições de 22 de abril, que não terão a participação dos principais líderes opositores.
"Todos com Maduro, lealdade e futuro" foi o refrão para a aparição do presidente no palco ao lado da mulher, Cilia Flores, diante da sede do Poder Eleitoral em Caracas.
— Estou mais pronto do que nunca para as batalhas que virão. Estou aqui porque sou um presidente do povo — afirmou Maduro, que dançou com Cilia no palanque diante de milhares de partidários.
Maduro se inscreveu na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em meio a um grande aparato, contrastando com os trâmites de seus concorrentes, o ex-governador chavista dissidente Henri Falcón, o pastor Javier Bertucci, o engenheiro Reinaldo Quijada, o empresário Alejandro Ratti e o militar Francisco Visconti.
Segundo o Instituto Venezuelano de Análise de Dados, Falcón tem 24% das intenções de voto, contra 18% para Maduro, mas analistas avaliam que o militar da reserva, de 56 anos, não representa um risco real diante do controle institucional e social que o governo exerce.
O presidente, que tentará se reeleger para ficar no poder até 2025, utilizou a Assembleia Constituinte para antecipar as eleições, provocando a saída da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) do pleito.
Maduro se dirigiu em particular ao veterano parlamentar opositor Henry Ramos Allup:
— Ainda há tempo para se inscrever. Vou lhe dar uma surra com 10 milhões de votos. Inscreva-se, covarde — desafiou.
A MUD abandonou a eleição alegando que não há garantias, mas pede a vários governos que pressionem Maduro para que haja eleições "limpas".
— Os candidatos da oposição têm todas as garantias eleitorais. A única garantia que não posso dar é de que irão vencer as eleições, esta não é possível —ironizou o presidente.
— Vou iniciar uma nova economia, que satisfaça as necessidades do povo, um novo começo econômico — prometeu Maduro, que atribuiu a caótica situação econômica da Venezuela a uma guerra promovida pelos Estados Unidos e a direita local.