Prepare-se para um mês decisivo na política mundial, com três processos eleitorais capazes de provocar impacto em diferentes continentes – do outro lado do planeta e aqui, na América Latina.
O primeiro deles será a eleição na Itália, no próximo domingo. O pleito pode pôr fim a uma das mais problemáticas legislaturas da história recente italiana, com três primeiros-ministros diferentes: Enrico Letta, Matteo Renzi e Paolo Gentiloni.
Eu disse “pode pôr fim”, porque, pela nova lei eleitoral italiana, quase ninguém consegue governar sozinho. Para que o vencedor tenha alguma tranquilidade para levar o governo adiante, será preciso obter 40% dos votos. Nenhum partido sozinho se aproxima desse percentual, segundo as pesquisas.
A liderança é ocupada pela coalizão de direita, que une Silvio Berlusconi (sempre ele!) e partidos ultranacionalistas, mas somente com 35% das intenções de voto. A União Europeia já se prepara para um governo paralisado por conta do cenário fragmentado. Depois do crescimento da extrema-direita em eleições na Áustria, na França e na Alemanha e do Brexit no Reino Unido, é bom ficar atento. Na Itália, olho na xenófoba Liga Norte.
Quando os mercados ainda estiverem turbulentos tentando entender o que aconteceu no domingo na Itália, o pêndulo das atenções mundiais se voltará para a América Latina. Pela primeira vez desde a Revolução Cubana, em 1959, um Castro poderá ficar fora da presidência a partir de abril. E este processo começa no domingo 11 de março, quando, em eleições gerais, serão eleitos os deputados da nova Assembleia Nacional (parlamento unicameral cubano), encarregados de escolher no mês seguinte os principais integrantes do próximo governo e o sucessor de Raúl.
Aos 86 anos, o irmão de Fidel já disse que irá se aposentar. Sai de cena? Não, porque continuará como primeiro-secretário do Partido Comunista (PC). Ou seja, será uma espécie de eminência parda do seu prório ex-regime.
Não se sabe quem será seu sucessor na presidência, mas o nome mais falado é o do vice-presidente Miguel Díaz-Canel. Em se tratando de Cuba, tudo pode mudar. Até Raúl não sair.
No dia 18, será a vez de a Rússia eleger o próximo presidente, com provável vitória (de novo!) de Vladimir Putin. As portas do quarto mandato não apenas o consolidam como um dos homens mais poderosos do mundo como mostrarão que sua figura segue inabalável nos campos externo e interno. Esmagando a oposição, Putin está à frente em todas as pesquisas. Curiosidade: nas últimas semanas, em efeito contrário, foi o Kremlin quem passou a acusar os EUA de tentarem influenciar sua eleição.
Passado o março, abril também será interessante: com a Venezuela de Nicolás Maduro indo às urnas no dia 22, mesma data em que o Paraguai irá escolher o sucessor de Horacio Cartes. A Colômbia vota em maio. O México, em 3 de junho, e o Brasil fecha a lista, em 7 de outubro.