As autoridades catalãs estão determinadas a organizar, no domingo (1°), um referendo de autodeterminação da região, que tem como objetivo saber da população se ela quer que a Catalunha seja um Estado independente da Espanha, sob a forma de República. A consulta popular sobre o tema é proibida e, portanto, o governo espanhol está tomando providências a fim de evitar que o evento aconteça. Confira o que se sabe sobre as medidas para realizá-lo:
Cédulas
A Guarda Civil espanhola, que multiplica as operações de busca e apreensão, confiscou cerca de 10 milhões de cédulas de voto, aparentemente desferindo um sério golpe à organização.
O encarregado das Relações Exteriores da região, Raul Romeva, declarou que poderiam imprimir novas cédulas.
— As cédulas podem voltar a ser impressas tantas vezes quanto o necessário. O censo já temos, as urnas estão lá, as seções de votação também — disse.
Urnas
As forças de ordem ainda não encontraram as urnas. Segundo o jornal El Mundo desta quarta-feira (27), a polícia suspeita que tenham sido distribuídas por caminhões de supermercados e fábricas de pão, e já estariam nos municípios.
Das 948 prefeituras catalãs, 712 — entre elas cinco das 10 cidades mais povoadas da região — anunciaram que participarão da votação ou irão se manter neutras, como Barcelona, Terrassa, Badalona, Sabadell e Reus. Os grandes centros que participam representam 2,3 milhões de habitantes dos 7,5 milhões da Catalunha.
Centros de votação
A lista de centros não foi publicada. A Procuradoria ordenou, na terça-feira (26), que a polícia regional, os Mossos d'Esquadra, identifique os centros de votação e seus responsáveis, os isole e coloque sob vigilância a partir de sexta-feira (29) até a noite de domingo (1º), além de evitar que votem a cem metros do local. Os Mossos disseram que respeitarão a diretriz com a condição de não gerar risco de perturbação da ordem pública.
Listas eleitorais
As listas eleitorais deveriam ser transparentes e públicas, mas não foram divulgadas. A lei eleitoral, adotada pela maioria separatista do parlamento regional em 6 de setembro, mas suspensa pelo Tribunal Constitucional, detalha que os eleitores são 5,5 milhões, "residentes na Catalunha ou no exterior".
Convocação dos eleitores
Para saber onde devem votar, os eleitores têm de consultar sites onde colocam o número de seu documento de identidade. Essas páginas da internet mudam regularmente porque a Justiça as fecha. Na noite de terça-feira, cerca de 60 foram fechadas.
Um colaborador da AFP conseguiu descobrir o local do seu centro de votação, mas diversos membros de sua família não conseguiram, sem ter a quem se dirigir para saber.
Nesta quarta-feira (27), o vice-presidente catalão, Oriol Junqueras, anunciou o lançamento de um canal no aplicativo de mensagens instantâneas Telegram para encontrar os locais de votação.
Comissão eleitoral
Esta comissão de cinco membros e seus delegados provinciais renunciou para evitar multas diárias que ficam entre 6 mil e 12 mil euros impostas pelo Tribunal Constitucional.
O Executivo catalão poderia nomeá-lo no último minuto para reduzir o montante das multas.
Segundo a Comissão de Veneza, um órgão do Conselho da Europa especializado na democracia por meio do Direito, um referendo deve ser organizado por um "órgão imparcial".
A comissão eleitoral, contudo, foi designada pelo governo separatista e seus membros tinham laços com os independentistas.
Contagem dos votos
De acordo com o El Mundo, a polícia busca a central de informação que deve recolher os resultados da contagem de votos, que estaria nos arredores de Barcelona.
Segurança
A segurança é uma das questões que mais preocupa moradores e autoridades. Os Mossos consideram que é "mais provável" que o fato de isolar as seções eleitorais provoque "perturbações da ordem pública".
As autoridades catalãs apelam constantemente à calma e ao civismo. Mas, para prevenir qualquer eventualidade, o governo espanhol enviou para a região dois terços de seus agentes antidistúrbios e mais de 10 mil agentes das forças de ordem, além dos 16 mil mossos.