A guerra de sanções e represálias entre Moscou e Washington se agravou, nesta sexta-feira (1º), depois que a Casa Branca ordenou o fechamento do consulado russo em San Francisco até o sábado (2) e das missões comerciais em Washington e Nova York alegando "reciprocidade". Moscou lamentou a medida.
A decisão responde à drástica redução de 755 diplomatas e funcionários, russos e americanos, na Rússia, ordenada no final de julho por Vladimir Putin em reação a sanções econômicas aprovadas pelos Estados Unidos.
Quase dois terços dos funcionários das representações diplomáticas norte-americanas abandonaram a Rússia. O movimento contraria a expectativa de melhora das relações diplomáticas entre os países a partir da posse do presidente Donald Trump.
A presença diplomática americana ficou limitada a 455 pessoas, as mesmas que trabalham na representação russa nos Estados Unidos.
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O Departamento de Estado assegurou, na quinta-feira (31), que a redução havia sido "executada totalmente". Por outro lado, a concessão de vistos para os Estados Unidos na Rússia, suspensa com estas restrições, será retomada em breve, embora de forma limitada.
No começo de agosto, os Estados Unidos tiveram que deixar de utilizar dois edifícios diplomáticos situados na periferia da capital russa depois que o Kremlin suspendeu a permissão de uso.
O fechamento do consulado de San Francisco será feito "no espírito da reciprocidade invocado pelos russos", defendeu o Departamento de Estado americano. O governo norte-americano disse, entretanto, que quer "pôr fim ao círculo vicioso" que deteriora as relações, esperando que a medida não traga "novas represálias".
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, denunciou "a escalada de tensões", "iniciada" pelos Estados Unidos, e prometeu que as novas medidas americanas "seriam estudadas com atenção" considerando uma eventual resposta de Moscou.
– Não buscamos nos aborrecer com os Estados Unidos [...] e queremos, verdadeiramente, que o clima político volte à normalidade – declarou nesta sexta-feira. – Mas para um tango, são necessários dois, e nosso parceiro tem se lançado, sem parar, em uma dança solitária – ironizou.
Reunião em setembro
O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, conversou por telefone na quinta-feira com o chanceler russo, Serguei Lavrov, e ambos se reunirão em setembro, provavelmente durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Lavrov prometeu nesta sexta-feira que buscará uma "aproximação baseada no respeito mútuo" e que chegaria a um "compromisso" com Washington.
Tudo parece indicar que as relações entre Moscou e Washington estão em um nivel ainda mais baixo do que no governo de Barack Obama, que expulsou 35 diplomatas russos e suas famílias no final de 2016, sem represálias por parte do Kremlin.
Diante da nova situação, Moscou nomeou um novo embaixador em Washington, Anatoli Antonov, conhecido por ser partidário de uma linha dura e por demonstrar uma profunda desconfiança dos interlocutores americanos.