A Justiça homologou a venda do prédio onde funciona a sede da Cruz Vermelha, no bairro Independência, em Porto Alegre. O imóvel foi arrematado em leilão por R$ 1,7 milhão, no último dia 5. O dinheiro já está depositado e, agora, ainda há prazo para a entidade recorrer da venda.
O órgão central da Cruz Vermelha, no Rio, disse à GaúchaZH que vai entrar com recurso em relação à venda do prédio. Enquanto a situação não for decidida, as atividades da filial gaúcha seguem ocorrendo no imóvel. Caso a venda não seja revertida, as atividades serão transferidas para novo endereço.
O leilão foi determinado pela Justiça em razão de um processo movido por uma empresa de Santa Catarina contra a unidade gaúcha da Cruz Vermelha (CVB-RS). Desde 2012, a Clinilav’s Lavanderia Industrial cobrava pagamentos devidos pela CVB-RS por serviços de lavanderia prestados em um contrato de gestão do Hospital Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú.
A dívida, atualizada, era de R$ 100 mil. O prédio tinha restrições também decorrentes de pelo menos outros dois processos que tramitam em Balneário Camboriú, além de um arrolamento feito em um expediente da Receita Federal que cobra uma dívida tributária da organização social.
Os trâmites do leilão ocorrem em processo que tramita na 3ª Vara de Sucessões e de Precatórias Cíveis de Porto Alegre. Foi nesta ação que ocorreu a homologação da venda. O comprador do prédio, localizado na Avenida Independência, foi uma pessoa física que pediu sigilo quando a sua identidade.
Desde 2018, a CVB-RS funciona no Estado sob intervenção do órgão central da Cruz Vermelha. A medida foi adotada depois de a unidade gaúcha se tornar alvo de investigação da Operação Calvário, feita pelos Ministério Público (MP) do Rio e da Paraíba.
A investigação apurou que a marca foi usada para sustentar um esquema de superfaturamento de contratos na área da saúde e para distribuição de benefícios financeiros para políticos, agentes públicos e empresários.
Conforme o MP, o esquema funcionava como se a marca Cruz Vermelha “alugasse” seu nome para uso em contratos com o poder público. Em troca, integrantes da CBV, não só dos Estados, mas também da nacional, receberiam propina e vantagens pessoais. O MP calcula que o grupo movimentou cerca de R$ 600 milhões em contratos com a prefeitura do Rio e, R$ 980 milhões em negócios com o governo da Paraíba.