Os jogos de azar estão proibidos no Brasil, mas Porto Alegre está infestada por máquinas caça-níqueis. As casas clandestinas são um negócio altamente lucrativo que se vale do descaso e da vista grossa das autoridades. No curso de uma crise de segurança pública no Rio Grande do Sul, é uma prática que deixou de ser combatida.
As jogatinas ocorrem de forma oculta, instaladas em salas escondidas de bares e em imóveis que parecem abandonados ou destinados a uma atividade banal. Em eixos como o do bairro Azenha, é fácil achar uma casa de jogos: basta perguntar ou observar. Se você avistar, nessa região, uma portinhola sem identificação e com constante entra-e-sai de pessoas, é bastante provável que, do lado de dentro, dezenas de homens e mulheres passem horas vidrados em uma tela que exibe sucessivas – e fracassadas – tentativas de tirar a sorte grande. O público pouco se move, e não há papo. Por longos períodos, os frequentadores mexem somente o dedo indicador em direção ao botão Jogar. "Tec, tec, tec" é o som ambiente, produzido horas a fio pelos jogadores, muitos deles idosos.
Uma máquina caça-níquel, embora haja variações de modelo, consiste em um monitor embutido em um baú de madeira. Por dentro dessa estrutura, encomendada a marceneiros, uma placa-mãe roda o jogo, meia dúzia de botões oferecem as alternativas "jogar", "dobrar aposta", "bola extra" e "pagar", entre outros. À direita da tela, fica o noteiro ou ceduleira, por onde os apostadores escorrem seu dinheiro pelo ralo, sentados em pequenas poltronas estofadas.
Os locais costumam ser insalubres, escuros, fechados, sem janelas nem relógios – estratégia para esconder as atividades e evitar a percepção da passagem do tempo –, com apenas uma porta estreita que permanece fechada e, dependendo do caso, chaveada. Logo abaixo do teto, ergue-se uma nuvem de fumaça de cigarro. Os aparelhos de ar-condicionado, sempre ligados no máximo, não dão conta da tarefa de sanear o ambiente.
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Para o delegado Tiago Baldin, que atuou entre 2011 e 2013 na força-tarefa de combate aos jogos, essas casas oferecem inclusive risco de vida: são propícias a incêndios e desprovidas de rotas de escape. Em uma situação de sinistro, podem funcionar como arapuca para até centenas de pessoas.
– A lei define que, se não há Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), a responsabilidade é do proprietário – acrescenta o tenente-coronel Adriano Krukoski, comandante do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul.
Nas casas, onde os verdadeiros donos do negócio não aparecem, a recepção fica a cargo das atendentes, mulheres simpáticas e solícitas que paparicam os clientes. Servem café, água, refrigerante, cerveja, bolos, pastéis. Constroem relação de intimidade com os mais assíduos. Se o cigarro acabou, elas vão gentilmente ao comércio buscar uma nova carteira. Tudo para o jogador não parar de apostar.
As atendentes anotam os números dos telefones celulares de cada novo visitante. Enviam mensagens diárias convidando a jogar, ofertando o serviço gratuito de transporte ida-e-volta, lanche, almoço, janta. O cliente não precisa pagar diretamente por isso. Basta apostar nas máquinas da casa, muitas delas abertas 24 horas por dia, de segunda a segunda.
Quanto maior a lista de clientes fiéis das recepcionistas, mais elas são valorizadas nesse mercado clandestino. Se trocam de endereço, arrastam pessoas consigo. Alguns pontos são discretíssimos e de acesso restrito a convidados, outros não fazem cerimônia e são abertos ao público em geral.
Apesar de não existir contabilidade oficial, é possível afirmar: as casas faturam muito dinheiro. No mês de janeiro, em operação que fechou o bingo Coliseu e Roma, na Capital, a Polícia Civil apreendeu dos depositários dos caça-níqueis R$ 11,5 mil. Era apenas uma radiografia de momento – os empregados recolhem os valores várias vezes por turno, evitando acúmulo de notas nos baús.
O Coliseu e Roma, que voltou a abrir depois da interdição, recebe média de 2 mil pessoas ao dia. À época da ofensiva, em janeiro, o advogado Laerte Luis Gschwenter, contratado pelo estabelecimento, afirmou que a ação policial era uma "afronta ao Estado democrático de direito".
O delegado Baldin avalia que somente na Avenida Azenha e adjacências, sobretudo Princesa Isabel, Carlos Barbosa e Marcílio Dias, há mais de 50 pontos com máquinas caça-níquel, mas também pode-se encontrá-los no Centro, na Lomba do Pinheiro, no Mont Serrat e nas avenidas Cristóvão Colombo e Assis Brasil.
Em um intervalo de um mês, ZH visitou sete dessas casas, três delas por indicação de leitores. É um meganegócio escancarado, causador de dependência e falência de alguns jogadores.
Lojas de fachada escondem imensos salões de jogo
Olhando da calçada, a loja de fachada rosa na Avenida Azenha parece sortida: guarda-chuva, caixas, bolsas, boias, piscinas de plástico. Vende-se de tudo. Mas o negócio lucrativo é acessado a partir de um brete formado pelas mercadorias e gôndolas do bazar, que leva a uma porta de ferro descascada no mesmo imóvel. O passo seguinte é atravessar um corredor estreito e longo, de cerca de 100 metros. Ao final, mais uma portinhola. Dali em diante, abre-se um enorme salão de pouca ou nenhuma ventilação onde senhoras se amontoam em mesas para jogar o tradicional bingo – também proibido – em cartelas simples, de papel, ou no modo automático, no computador. Uma gritaria anuncia que alguém ganhou a rodada.
Pelas escadas, que guardam algumas caixas de mercadorias da loja, chega-se às máquinas caça-níquel, no terceiro andar. São cerca de 50 estações de jogo no local, dividido em dois ambientes. Para quem conhece a realidade do negócio, não há dúvida sobre a modalidade mais rentável para as casas.
– No caça-níquel, se gasta mais do que no bingo. O grau de vício também é maior porque é um jogo instantâneo – diz o promotor José Francisco Seabra Mendes Júnior, que coordenou a força-tarefa dos jogos ilícitos do Ministério Público entre 2009 e 2013.
Não longe dali, um imóvel da Avenida Carlos Barbosa está sempre com as cortinas de ferro abaixadas. O letreiro é de uma antiga loja de informática, e a aparência é de um lugar fechado há tempo. Mas uma portinha é aberta a todo instante para pedestres que chegam com frequência e tocam a campainha. Uma mulher costuma abrir a entrada e encaminhar os visitantes à jogatina. É uma casa de alta movimentação, aberta 24 horas por dia. Do lado de dentro, a primeira sala é escura. Deve-se caminhar com alguma cautela para não esbarrar em algo. Apesar da pouca luz, dá para ver monitores de computador empilhados e o que parece ser um pequeno depósito de peças de marcenaria, como balcões. Logo adiante, um enorme salão onde estão perfiladas cerca de cem máquinas caça-níquel. Entre as máquinas, há mesas para que os jogadores se sirvam de refrigerantes, água e café.
"Bingo Carlos Barbosa. Hoje é dia de dobradinha na sua chegada. 20, 30, 40 ou 50. Jantar especial com uma deliciosa torta. São mais de 40 jogos diferenciados. Aberto 24 horas, estacionamento e ambiente climatizado. Boa sorte!", diz uma das mensagens enviadas pela casa recentemente a jogadores.
Na Avenida João Pessoa, entre a Venâncio Aires e a José Bonifácio, a sensação é de que se está diante de uma garagem sem uso. Nada se vê além de um portão velho e acorrentado, emoldurado por estrutura de pedra, e um corredor que leva a uma churrasqueira e a um biombo de madeira esmaecido. A casa tem cerca de 50 máquinas. Difere-se por ter iluminação e melhor circulação de ar. Pode-se até ver a cor das paredes, pintadas de roxo. O local também funciona 24 horas. Prova de como o dinheiro ingressa fartamente no caixa é a oferta de churrasco e cerveja liberada aos clientes nas sextas à noite. Basta apostar.
A cumplicidade das atendentes
Na confusão do Centro, em Porto Alegre, um restaurante abandonado e de portas cerradas é casa de forte jogatina na Rua Dr. Flores. A porta de vidro é espelhada, e tudo fica trancafiado, sem qualquer sinal de vida. Mas, ao subir o pequeno lance de escada, a entrada, geralmente guarnecida por dois homens, é aberta pelo lado de dentro.
O primeiro piso é para o bingo de cartela. Senhoras comem pastéis enquanto jogam em um salão fumacento e apinhado de mesas e cadeiras. As mulheres que cantam as bolinhas sorteadas ficam atrás de um balcão de pedra até a altura da cintura. Dali para cima, um vidro sobe até o teto. É o local onde as carnes eram assadas na chapa à época em que o imóvel era usado para servir refeições.
Escadas levam ao segundo piso, inicialmente usado para guardar tralhas do antigo restaurante. Depois, vem o espaço das máquinas caça-níquel, cerca de 50. Grandes cortinas são usadas junto à parede de vidro, o que causa certo abafamento. O local funciona entre segundas-feiras e sábados.
Saindo do Centro para a Cidade Baixa, chega-se a uma casa da Rua Lima e Silva também com entrada trancafiada. O local tem cerca de 40 máquinas caça-níquel em três salas contíguas. Depois do portão, é preciso costear uma escada e seguir pelo corredor estreito, passando por uma segunda porta chaveada. A partir dali, começam os jogos.
– Disse ao meu marido que estava no shopping – falou uma apostadora ao desligar o telefone.
– Agora, em vez de voltar para casa cheia de conta, vai voltar com uma sacola cheia de dinheiro – respondeu a atendente, em diálogo presenciado pela reportagem.
Nessa casa, foi possível observar o ato rotineiro das empregadas de fazer a leitura das máquinas. Acionando alguns botões, elas acessam o menu "configurações", com mais cinco opções de ação. Depois, uma das responsáveis passou à tela "totalizadores".
– Quatro, dois, duzentos (42.200). Vinte e quatro, duzentos e trinta e seis (24.236) – cantou uma delas, avisando a colega que anotava tudo em uma planilha.
O promotor José Francisco Seabra Mendes Júnior explica que as checagens não são meras formalidades.
– As atendentes fazem a leitura frequentemente porque elas têm o controle de quando as máquinas vão pagar. Elas chamam os jogadores mais próximos quando sabem que terá prêmio grande. Muitas vezes, esses jogadores acabam dividindo o prêmio com a atendente – revela o promotor.
Chefões vivem nas sombras
Embora funcione escancaradamente, o mercado caça-níquel é fechado e misterioso. Os maquineiros, donos das casas, não costumam aparecer. Operam com gerentes e preferem a discrição, diferentemente dos antigos bicheiros que agregavam fama local por serem proprietários de bancas.
Contraventores do Rio de Janeiro já fizeram de Sapucaia do Sul uma extensão dos seus lucrativos negócios. Nos anos 2000, a empresa Bilharilha, sediada em Niterói, comandava o esquema de máquinas caça-níquel na cidade. Um morador da cidade da Região Metropolitana era o gerente, abria novos pontos de jogo, recolhia o dinheiro e fazia remessas ao Rio. Eventualmente, buscava contatos cariocas no aeroporto Salgado Filho.
Detalhes do caso vieram a público porque o gerente ingressou na Justiça do Trabalho pedindo indenizações após o rompimento da parceria. A reportagem localizou o antigo gerente de máquinas em Sapucaia do Sul, mas ele não quis comentar o assunto. Apenas disse que está fora do ramo há anos e que os cariocas tinham "máquina por tudo" na cidade.
ZH localizou um ex-maquineiro de São Leopoldo que está vendendo na internet noteiros (depositário do dinheiro no caça-níquel) que sobraram das suas antigas operações clandestinas. Ele explicou que poderia contribuir com contatos de pessoas que seguem no ramo e indicou eletrônicas na Avenida Voluntários da Pátria para a compra de placas-mãe. No centro de Porto Alegre, são vendidos os chips com os jogos, que também podem ser baixados na internet. Apesar de as peças serem encontradas em Porto Alegre e Região Metropolitana, a maioria dos itens das máquinas vem do Paraguai e da China. Técnicos em informática especializados no ramo fazem a programação das máquinas, definindo o quanto elas vão ou não pagar aos apostadores.
– Mesmo sabendo que as máquinas são programadas, as pessoas continuam viciadas, gastando o seu dinheiro. Os próprios instaladores e reparadores já me confirmaram em apreensões que fizemos que a programação é estabelecida para que as casas ganhem e os jogadores percam – diz Roberto Damasceno, ex-comandante da Brigada Militar em Esteio, responsável por liderar ações contra o jogo ilícito na cidade da Região Metropolitana em 2014.
Depois de ter sofrido prejuízo severo com as forças-tarefas da Polícia Civil e do Ministério Público, o mercado do caça-níquel navega em águas tranquilas há pelo menos três anos, quando as ofensivas foram desmobilizadas.
– Como ainda é considerada uma contravenção, a gente não pode deixar de apurar quando chega a denúncia para nós. Foi o caso do bingo Coliseu e Roma, agimos para fechar quando chegou a informação. Mas hoje a prioridade tem de ser dos delitos mais graves, como latrocínio, tráfico de drogas, homicídio, roubos e crimes de natureza sexual – afirma o delegado Fábio Motta Lopes, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana.
Apoio aos viciados
Viciados em jogos podem procurar auxílio. Um grupo de ajuda se reúne todas as terças-feiras, às 19h, na sede da Cruz Vermelha de Porto Alegre, na Avenida Independência, 993. Semanalmente, homens e mulheres de diferentes gerações contam histórias de dependência, degradações familiares e empobrecimento por conta da compulsão.
Um homem que frequenta os encontros há 11 anos já presenciou uma infinidade de relatos de vício e sofrimento.
– Tivemos uma pessoa que perdeu uma frota de táxi por causa do jogo. Foi vendendo tudo até ficar sem nada. Uma mulher se mutilava cada vez que jogava, aparecia nas reuniões com o rosto e os braços machucados – diz o homem, que se livrou do vício desde que começou a frequentar a Cruz Vermelha.
Ele também ouviu histórias de jogadores compulsivos que tentam suicídio, são expulsos de casa ou abandonados pela família. O índice de recuperação, diz, é próximo de 100% entre aqueles que frequentam as reuniões de autoajuda por tempo indeterminado. É o caso dele, que abandonou o jogo há mais de uma década e, mesmo assim, continua indo aos encontros. Quem opta por participar esporadicamente acaba tendo grande probabilidade de recair.
O homem descreve que não existem barreiras sociais, de gênero ou de idade para a dependência:
– Já tivemos casos de médico, dentista, advogado, gerente de banco, porteiro e frentista. Não tem classe social ou idade.
Bar tem máquinas caça-níquel e drogas
Um bar na esquina das ruas Barão do Amazonas e Valparaíso, a uma quadra da Avenida Ipiranga, esconde 12 máquinas caça-níquel que atraem jovens e pessoas de meia idade.
A sala de jogo é oculta. As mesas externas do bar ficam abaixo de um condomínio residencial.
É preciso caminhar alguns metros, passar em frente à portaria do edifício e acessar a entrada seguinte, que parece não ter relação com o bar. Um garçom abre pelo lado de dentro.
Uma informação de que drogas circulam pelo local se confirmou no diálogo travado com um garçom já dentro da sala de jogos.
– Me diz uma coisa: não sabe se aqui por perto a gente consegue alguma coisa mais do que cerveja? – o repórter de ZH pergunta.
– O que seria? Pó? – responde o garçom. – Tem um cara que vem vender. Ele faz Uber aqui. Posso pegar o número dele. Se ele estiver perto, vem. Quando o pessoal quer, a gente indica ele.
A droga não era de posse do bar, mas do motorista, que poderia buscá-la ou levar clientes a uma boca. No final, o repórter disse que teria de ir embora e não efetuou compra alguma. Por telefone, a assessoria do Uber informou que não é possível escolher motoristas pelo aplicativo e que não se responsabiliza por transportes autônomos.
"Igreja" recebe jogadores endinheirados
Um prédio de luxo na Rua Mariland, no bairro Auxiliadora, abriga uma casa de máquinas caça-níquel de acesso restrito para convidados de classe média-alta, frequentadores com calibre para gastar muito dinheiro com a garantia da total discrição. ZH constatou o uso de códigos para se referir ao negócio clandestino, chamado de "Igreja". Antes mesmo de o visitante chegar à portaria do prédio, o empregado percebe a aproximação pelas câmeras de vigilância e se antecipa na abordagem.
– Pois não? – diz o recepcionista, prestador de serviço para todo o imóvel, que conta com diversos empreendimentos lícitos.
– Eu queria ir ali no sexto (andar) – respondo.
– Na Igreja? – devolve o porteiro.
– Isso. Pode ser?
O recepcionista pergunta se já sou conhecido da casa e titubeia quando digo que é minha primeira vez. Afirmo que jogava na Avenida Goethe e que, por indicação, resolvi frequentar o endereço da Mariland.
– Bah, eu tenho que ver com eles.
Celular em punho, o porteiro passa a trocar mensagens de texto com os responsáveis pelo caça-níquel. Pergunta de novo o meu nome e o de quem indicou o endereço. Após alguns minutos, ele avisa que talvez uma pessoa desça ao térreo para negociar a entrada. Até que vem a sentença:
– Ó, a guria mandou dizer que...Ela diz que foi engano. Não tem ninguém. Não sendo conhecido, eles não deixam subir lá.
O que diz a lei
– Bingos e máquinas caça-níquel são atividades consideradas ilícitas pelo artigo 50 da lei de contravenções penais, de 1941. O texto define como contravenção "estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele". A pena é de três meses a um ano de prisão e multa.
– O Judiciário gaúcho recentemente deixou de condenar os exploradores do jogo de azar por contravenção penal. A interpretação dos magistrados é de que se trata de uma proibição antiga, que não encontra mais nexo com a realidade. Eles ainda alegam que o veto fere princípios da Constituição de 1988, como a liberdade individual.
– Em recente decisão, o juiz Luis Gustavo Zanella Piccinin escreveu: "Os motivos que constam como justificadores da proibição do jogo, como estão no decreto-lei 9.215/46, soam quase que como uma ode a uma época em que o Estado brasileiro era permeado por forte influência religiosa e irrefreável dirigismo estatal quanto às liberdades individuais. (...) As liberdades individuais, especialmente a opção por jogar ou não, não podem ser tuteladas pelo Estado por ofender diretamente a liberdade constitucionalmente assegurada de autodeterminação". O voto de Piccinin foi acompanhado por outros dois juízes da Turma Recursal Criminal. A absolvição de um explorador de jogo de azar foi confirmada por unanimidade.
– O juiz Edson Jorge Cechet, presidente da Turma Recursal Criminal da Justiça gaúcha, declarou que, embora maquineiros não estejam mais sendo condenados, os jogos de azar seguem proibidos no país. A liberação dependeria de aprovação de lei federal, o que não aconteceu. No Congresso, projetos tramitam prevendo a liberação do jogo de azar. O Supremo Tribunal Federal poderá se manifestar sobre o assunto.
ZH não revela o endereço completo para não fazer divulgação para as casas de jogo.