A Casa Civil do Palácio Piratini oficiou na tarde desta quarta-feira o presidente do Conselho de Administração do Badesul, Josué Barbosa, com a orientação de que sejam afastados dos cargos os dirigentes que foram responsabilizados pelos calotes de R$ 157 milhões sofridos pelo banco de fomento a partir de três contratos assinados entre 2011 e 2014.
A determinação vale apenas para os ocupantes de funções de indicação direta do governo estadual. Os servidores de carreira não são alcançados por essa medida.
A Casa Civil não informou nomes, mas ZH apurou que os dois atingidos pela ordem de demissão são Pery Sperotto, vice-presidente do banco de fomento, e Luiz Alberto Bairros, presidente do conselho fiscal. Eles foram inscritos pela sindicância coordenada pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) entre os responsáveis pelos contratos de financiamento assinados com a Wind Power Energy e a Iesa Óleo e Gás. Juntas, elas tomaram R$ 90 milhões – valores da época – em empréstimos junto ao Badesul, controlado pelo governo estadual e irrigado por recursos públicos. As duas empresas não pagaram as prestações e entraram em recuperação judicial pouco tempo após a concessão dos financiamentos.
Como apresentaram garantias frágeis, o banco gaúcho ficou sem condições de reaver o prejuízo até o momento. No caso da Wind Power, que recebeu R$ 50 milhões, sequer chegou a ser feito qualquer investimento na planta de Guaíba, onde a promessa era construir uma fábrica de geradores de energia eólica.
Na época da assinatura dos contratos, no governo Tarso Genro, Sperotto ocupava o mesmo cargo de vice-presidente do Badesul. Bairros era diretor Administrativo. Eles são os únicos que permanecem em cargos de indicação do controlador – o governo estadual – na gestão de José Ivo Sartori.
Os outros 21 responsabilizados são servidores de carreira, admitidos pelo regime CLT, ou dirigentes que já deixaram o banco.
A Casa Civil informou que é necessário cumprir trâmites burocráticos e, por isso, não soube precisar quando as saídas de Sperotto e Bairros serão formalizadas.
Depois de identificar 23 responsáveis pelos prejuízos, a PGE pretende ingressar na Justiça com ações de improbidade administrativa. Em alguns casos, haverá pedido cautelar de indisponibilidade de bens. Servidores de carreira poderão sofrer processo por "falta grave" na Justiça do Trabalho.
Os prejuízos ao Badesul foram revelados em série de reportagens de ZH publicadas a partir de setembro de 2016.
Sindicância responsabiliza 23 por calotes ao Badesul
Badesul amarga calotes com empréstimos de risco
Contrapontos
ZH procurou Pery Sperotto e Luiz Alberto Bairros via assessoria de imprensa do Badesul. Eles foram avisados do contato, mas não retornaram a ligação para se manifestar.