A Polícia Federal (PF) já tomou o depoimento de todos os presos na Operação PhD, que foi deflagrada na sexta-feira e que investiga desvio de recursos em bolsas de estudo de programas ao ensino na área de Saúde Coletiva na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No total, oito pessoas foram indiciadas no inquérito elaborado pela PF.
Nesta segunda-feira, Simone Edi Chaves, que é professora da Unisinos, foi a última detida a ser ouvida pela PF.
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Reportagem especial: Universidade S.A.
Enfermeira, Simone é apontada na investigação como sendo a principal articuladora financeira das fraudes investigadas. Segundo apurado, também obteve bolsa de estudo fraudulenta para um irmão.
A professora é coordenadora do mestrado profissional em Enfermagem da Escola de Saúde da Unisinos e está afastada das funções até o término das investigações, informou a universidade.
A apuração da Polícia Federal revelou que um grupo criminoso se utilizou da coordenação de projetos na área da Educação em Saúde com objetivo de desviar recursos, especialmente de dois programas ligados à Escola de Enfermagem da UFRGS: o de Educação em Saúde Coletiva (PESC) e o de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGCol).
Além de Simone, também foram ouvidos: Sergio Nicolaiewsky, ex-vice reitor da UFRGS e atual diretor-presidente da Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs), o professor Ricardo Burg Ceccim, um dos coordenadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGCol) da Escola de Enfermagem, o professor Alcindo Ferla, que atua na Escola de Enfermagem da UFRGS, Marisa Behn Rolim, servidora da universidade e secretária do PESC/PPGCol, e a filha dela, Priscila Behn Rolim Coronet.
Os investigados tiveram prisão temporária decretada pela Justiça Federal e o prazo vence na terça-feira. Se entenderem necessário para o andamento das investigações, a PF ou o Ministério Público Federal podem solicitar a renovação da prisão dos suspeitos por igual período – mais cinco dias – ou conversão em prisão preventiva.
O valor dos projetos sob suspeita é de R$ 99 milhões. Até o momento, foi comprovado desvio em torno de R$ 5,8 milhões. A fraude consistia em inclusão de bolsistas sem vínculo com a UFRGS para receber bolsas de até R$ 6,2 mil.
Na sexta-feira, também prestou depoimento, depois de ser alvo de condução coercitiva, o médico Hêider Aurélio Pinto, ex-secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde e que obteve título de mestre na UFRGS sem frequentar as aulas.
Esse caso do mestrado foi revelado por Zero Hora na série de reportagens Universidades S.A., publicada em abril de 2015. A investigação na PF começou a partir da reportagem.
A PF apurou na PhD o direcionamento nos processos de seleção, além do caso de um aluno (Hêider) que ganhou título de mestre sem frequentar as aulas na pós-graduação da Escola de Enfermagem.
Entre os indiciados, também consta o nome do servidor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Maurício Moraes, que foi alvo de condução coercitiva na sexta-feira.
Contrapontos
O que diz Paulo Magalhães Filho, advogado da Faurgs
A Faurgs está sendo absolutamente colaborativa e, assim que tomar ciência do conteúdo total da investigação, vai se posicionar.
O que diz André Callegari, advogado do Sergio Nicolaiewsky, ex-vice reitor da UFRGS e atual diretor-presidente da Faurgs
Ainda não tivemos acesso ao material apreendido. Mesmo ssim, ele (Sergio) está prestando esclarecimentos de boa fé. Na condição de presidente da Faurgs, ele só dirige a entidade, mas os projetos são de responsabilidade dos respectivos coordenadores, que têm autonomia para trabalhar. Existe um princípio da confiança. Se presume que os coordenadores estão fazendo o correto dentro daquilo que está sendo executado. Como a prisão dele é temporária, vou aguardar o depoimento para ver se vão liberá-lo ou não. Se não houver isso, entraremos com pedido de liberdade.
O que diz a UFRGS
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi surpreendida nesta sexta-feira, dia 9, com a notícia sobre operação desencadeada pela Polícia Federal relacionada a fraudes no Programa de Extensão em Saúde Coletiva – Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Diante disto, cumpre-nos informar: as denúncias ora veiculadas restringem-se unicamente aos programas citados; a UFRGS, até o presente momento, não foi procurada por nenhuma instância para tratar sobre o assunto; acompanha com muita atenção os desdobramentos das investigações; coloca-se à disposição para auxiliar em todos os esclarecimentos que se fizerem necessários para a elucidação dos fatos.
O que diz a Escola de Enfermagem
A diretoria do curso estava ainda não se manifestou.
O que diz Karla Sampaio, advogada de Ricardo Ceccim, um dos coordenadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGCol) da Escola de Enfermagem, e de Alcindo Ferla, que atua na Escola de Enfermagem da UFRGS
Estamos tranquilos em relação às acusações. Nada do que foi noticiado se verifica. Não tive acesso aos autos nem à investigação, mas pelo que conversamos não há procedência. Acredito que eles serão liberados no fim de semana, pois se trata de prisão preventiva de cinco dias.
O que diz a professora da Unisinos Simone Chaves
ZH não conseguiu contato com a professora ou seu advogado.
O que diz a Unisinos
A Unisinos tomou conhecimento nesta sexta-feira, pela imprensa, de operação realizada pela Polícia Federal que apura desvio de recursos de programas federais de incentivo à pesquisa, especialmente do Projeto SUS Educador, em projetos relacionados à área de Educação em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Unisinos informa que não tem vínculo com os projetos objeto da investigação. Informa, ainda, que as ações da Polícia Federal não têm por alvo a Unisinos e que, dentre as pessoas referidas na investigação, está uma pesquisadora da Universidade que realizou seu mestrado e doutorado na UFRGS.
Segundo a universidade, a professora e coordenadora do mestrado profissional em Enfermagem da Escola de Saúde da Unisinos, Simone Edi Chaves, presa na operação, está afastada das funções até o término das investigações.
O que diz o médico Hêider Aurélio Pinto, ex-secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde e que obteve título de mestre na UFRGS
ZH não conseguiu contato com o médico ou seu advogado.
O que dizem Marisa Behn Rolim, servidora da universidade e secretária do PESC/PPGCol, e a filha dela, Priscila Behn Rolim Coronet
Procurado, o advogado Emilio Millan Neto ainda não deu retorno.