Os Festejos Farroupilhas de 2023 foram lançados oficialmente na manhã desta terça-feira (8), no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, em Porto Alegre. O tema deste ano é o centenário da Revolução de 1923.
A guerra deu origem à simbologia dos lenços gaúchos, que evidenciava a oposição entre maragatos a chimangos, que divergiam sobre a reeleição de Borges de Medeiros como presidente do Estado. Na abertura da cerimônia, o grupo Alma Gaudéria apresentou a música-tema Nos Tempos de 1923 e questionou: “depois de tanto tempo será que temos união?”.
A necessidade de unidade — que aparece na identidade visual deste ano com desenhos de lenços unidos — também foi salientada pela secretária adjunta de Estado da Cultura, Gabriella Meindrad, que preside a Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas pelo segundo ano consecutivo.
— Fazendo um paralelo lá de 1923 e o nosso 2023 atual, isso mostra que ainda precisamos evoluir enquanto sociedade, cada vez mais buscando o respeito entre as pessoas, fortalecendo a nossa cultura, muitas vezes tirando pessoas da invisibilidade — afirmou.
O governador Eduardo Leite também ressaltou a persistência e a busca constante por mudanças no dia a dia.
— A revolução se opera todos os dias. A revolução da inclusão social, da participação de grupos que sempre foram alijados na sociedade, sejam mulheres, negros, indígenas, gays, enfim... a revolução que a gente quer na educação, que inclui as pessoas a partir do ensino, na aprendizagem, fazendo com que possam se desenvolver no seu pleno potencial — defendeu.
A cerimônia ainda contou com a entrega das medalhas Simões Lopes Neto a homenageados, entre eles a presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Ilva Maria Borba Goulart, que fez questão de citar em seu discurso a presença feminina na cultura gaúcha.
— A mulher plantou a história do Rio Grande, embora dentro de casa. Hoje ela sai a campo, vem para dentro do cenário farroupilha, educativo, pro cenário que comanda e ajuda a comandar. Temos várias mulheres, deputadas, secretárias, elas galgaram o posto que a mulher merece estar realmente — frisou.
O reconhecimento da mulher gaúcha também está na escolha da patrona dos Festejos. Neste ano, o cargo é ocupado pela cantora e apresentadora Maria Luiza Benitez.
— No meio regionalista, as mulheres nunca tiveram voz e nós estamos tendo agora. Isso é o mais importante para gente, ter voz, ocupar os espaços e defender os esquecidos e não lembrados pela revolução. Temos que mostrar que apoiamos a diversidade e que a gente é universalista — ressaltou ela.
Programação
Os Festejos Farroupilhas já terão uma atração tradicional na próxima semana, com o acendimento da Chama Crioula nos dias 18 e 19 de agosto, no Parque Estadual General Bento Gonçalves, em Cristal, que fica no sul do Estado. Depois, a centelha será distribuída pelos municípios gaúchos.
O cadastro para participar da programação segue aberto até 31 de agosto e pode ser realizado no site da Secretaria Estadual de Cultura. A ideia neste ano é criar um mapa para divulgação das atividades em cada região.
Já as inscrições para o Desfile de 20 de setembro, na Capital, ocorrerão de 28 de agosto a 8 de setembro. O evento será na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, iniciando 8h30min com Desfile Cívico e Militar, seguido do Desfile Temático e do Tradicional.