Mesmo que os frequentadores já tenham ido embora, os piquetes instalados no Parque Harmonia, em Porto Alegre, não param. Para muitos, a madrugada é o momento em que vários aproveitam para botar diversas tarefas em dia no Acampamento Farroupilha.
Na madrugada desta sexta-feira (16), a reportagem de GZH percorreu o parque para acompanhar a rotina noturna. Por volta das 2h30min, ainda havia movimentação, por exemplo, no Piquete Amigos do Cavalo Branco, há 18 anos presente no Acampamento Farroupilha. As músicas já haviam cessado e deram lugar ao som dos pratos e talheres. Ou seja, a peleia era na limpeza.
— Teve baile até meia-noite aqui no piquete, então, agora que pessoal foi embora e comeu um churrasco e uma comida bem campeira, é o momento que temos para recolher as mesas, abastecer o freezer, lavar os pratos, as gamelas e os espetos. Temos bastante serviço por toda a madrugada ainda — contou José Pinheiro, patrão.
O patrão e Mozart Carttos, o mordomo do piquete, como é chamado, mostram o que restou da panela de carreteiro e da de feijão. Um copo de vinho e o prato repleto de polentas, que sobraram da janta, reabasteciam a dupla.
— Depois que terminarmos, damos um cochilo e, em seguida, começamos a preparar um café para quem for chegar logo cedo, que vai encontrar tudo organizado para abrir os trabalhos e começar a preparar o almoço, principalmente o costelão — completa Pinheiro.
Na despensa, estavam dois colchões e vários cobertores, os quais estão à disposição quando o sono bater mais forte. Ao ser perguntado sobre como é pregar o olho em meio ao Acampamento Farroupilha, Mozzart comentou que não é problema.
— Dormir é tranquilo, porque a gente, a essa altura, está muito cansado. É claro que, a qualquer barulhinho de galho caindo a gente já acorda, mas é melhor assim. A segurança é muito boa e fica tudo mais fácil — diz, reforçando que é ouvinte fiel do programa Madrugada Gaúcha, da Rádio Gaúcha.
No local, a reportagem observou quatro extintores do incêndio. O assunto de muitos ainda é o fogo que destruiu dois piquetes na madrugada anterior, o que eles lamentam e que aproveitam para reforçar que todas as estruturas possuem o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI) aprovado.
Alguns piquetes mais adiante dali, um grupo de cerca de 15 viventes fazia uma roda de prosa sem hora marcada para acabar. Em outro, com as luzes apagadas, o barulho era do pessoal preparado para o merecido descanso. Um casal passeia de mãos dadas. Funcionários fazem ajustes na iluminação, além daqueles que permanecem no atendimento nas cancelas de acesso ao parque.
Vigilantes caminham com frequência pelo parque, além das viaturas da Brigada Militar, que circulam lentamente nas ruas internas. Por volta das 4h, o relativo silêncio voltou a ser quebrado pelo tanque de sucção para limpeza dos banheiros químicos.
Graças a todos que trabalham também durante a madrugada, o parque está sempre pronto para acolher os visitantes, desde cedo, para mais um dia de muito amor à tradição.
