O Desfile Farroupilha deste ano ocorreu com tempo bom e sem chuva, na manhã desta terça-feira (20), na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, em Porto Alegre, junto à orla do Guaíba.
Após o governador Ranolfo Vieira Júnior e o comandante-geral da Brigada Militar, Cláudio dos Santos Feoli, passarem as tropas em revista em um carro Stutz 1928, o desfile cívico-militar deu início ao evento. Em seguida, órgãos vinculados à segurança pública começaram a desfilar, sob o olhar atento do público presente.
— Moramos em Esteio e participamos de um piquete em Sapucaia do Sul. Viemos prestigiar meu filho que vai desfilar pela BM — disse administrador João Dorneles, 60 anos, pilchado com traje gaúcho.
A esposa dele, Anna Dorneles, 53, também enalteceu a festa:
— A sensação é de liberdade e de orgulho por mostrar o que é nosso — observou a advogada, igualmente vestida com roupas típicas.
Muitos presentes ao evento vinham de outros Estados. A balconista Telma Lúcia Amorim, 56 anos, natural de São João do Piauí, estava acompanhada de familiares. A piauiense não escondia a emoção:
— Estou adorando e gostando muito — disse, salientando que prestigiava o evento pela primeira vez. — Já fomos no Acampamento Farroupilha também. É uma delícia — elogiou.
A comemoração de 2022 foi carregada de simbolismo, por acontecer no aniversário de 250 anos da Capital e nos 200 anos da Independência do Brasil.
O prefeito Sebastião Melo chegou ao local às 8h15min, acompanhado de Liliana Cardoso, presidente da Comissão Municipal dos Festejos Farroupilhas. Já o governador Ranolfo, que estava de indumentária gaúcha, com chapéu marrom e lenço azul, demonstrou seu sentimento com a data:
— Feliz Dia do Gaúcho, feliz Dia da Gaúcha. Feliz 20 de Setembro — declarou.
Tradicionalistas são recebidos sob aplausos
Os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), piquetes e outros 350 gaúchos a pé participaram do Desfile Farroupilha na Avenida Edvaldo Pereira Paiva. A atração era uma das mais aguardadas pelo público, que aplaudiu os tradicionalistas, pilchados com bombachas, botas, chapéus e lenços.
A Chama Crioula, que foi gerada em Canguçu e percorreu as 30 regiões tradicionalistas do Rio Grande do Sul até chegar a Porto Alegre, foi conduzida pelos participantes, acompanhada por cavaleiros. O desfile contou com a participação de 25 grupos, entre CTGs e piquetes.
— Minha expectativa é de ver minha filha que vai desfilar pelo Colégio Tiradentes, o que é um orgulho muito grande — contou a empresária Suzana Santos, 40 anos.
Antes, houve o desfile cívico-militar, com a presença de integrantes da segurança pública, como Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) e Instituto-Geral de Perícias (IGP). Desfilaram homens e mulheres a pé, a cavalo e em veículos. Dois helicópteros também sobrevoaram o evento.
— Acredito que o desfile de Porto Alegre será maior do que os outros que acompanhei em Santa Maria — comentou o servidor público federal Fabrício Silva, 39 anos, que é natural de Aracaju, no Sergipe, e vive há 18 anos no Estado.
O sergipano contou que foi à avenida para prestigiar a esposa que desfilaria.
— Espero que o desfile seja bem significativo — comentou enquanto aguardava.
Após os militares, quem passou pela avenida foi o grupo União das Etnias de Ijuí (Ueti), que apresentou o desfile "Etnias do gaúcho: Rio Grande, terra de muitas terras", tema dos festejos farroupilhas deste ano. Alemães, italianos, poloneses, japoneses, portugueses e diversas outras etnias foram representadas.
Muitas crianças participaram dessa parte do evento. Os participantes seguravam bandeiras de vários países e trajavam roupas típicas. Houve muitos aplausos para quem passava desfilando e acenando para o público. A tônica era a cor intensa e diversificada dos trajes e dos objetos exibidos na avenida.
Uma bandeira gigantesca do RS era agitada sob os aplausos do público, bem mais numeroso na avenida neste momento do desfile. E até um cachorro pilchado com bombacha participou da exibição.
— Esta é a primeira vez que venho e estou muito esperançoso de um mundo melhor — observou o cearense e analista de sistemas Leonardo Carneiro, 45.
Conforme Carneiro, que dizia estar "viciado em chimarrão", o gaúcho sabe cultuar suas origens:
— A gente sente que as coisas aqui são levadas muito a sério — atestou, sentado em uma cadeira e com o chimarrão nas mãos.
Perto das 10h, com o sol bem mais forte, era possível ver militantes de alguns partidos políticos agitando bandeiras na área próxima aos palanques oficiais. O vendedor de bandeiras Julio Cesar, 53, oferecia as flâmulas do Brasil e do RS, além de fitinhas amarelas para prender na cabeça.
— Já vendi cinco bandeiras — comemorava poucos minutos após chegar à Edvaldo Pereira Paiva.
Muitos participantes do desfile devem seguir para aproveitar o último dia do Acampamento Farroupilha no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia). A previsão de público para o acampamento é estimada em mais de 110 mil pessoas neste 20 de Setembro.