A bandeira verde, vermelha e amarela está em todos os cantos do Rio Grande do Sul, hasteada, nas mãos de um torcedor no estádio ou na entrada de um piquete. As crianças facilmente pintam a bandeira em sala de aula. É só ter em mãos lápis, caneta, tinta ou giz de cera nas três cores. Logo, a folha branca fica colorida. Nem precisa do brasão para já representar o símbolo do nosso estado.
As três cores foram escolhidas pelos farroupilhas após a proclamação da República Rio-Grandense, em 1836. Em tempos de guerra, a bandeira era quadrada. No decreto, está escrito que o "Escudo de Armas" deveria ser verde, escarlate e ouro. O texto não esclarece os motivos desta escolha. Vocês já devem ter ouvido e lido algumas versões. Em busca da resposta, conversei com o historiador Moacyr Flores. Na largada, já pergunto se o vermelho é do sangue da guerra civil.
— Romantismo decadente — responde prontamente o escritor.
Antes de explicar a razão do vermelho, esclareço sobre o verde e o amarelo, porque é bem mais simples. Quando proclamaram a República Rio-Grandense, os revoltosos mantiveram as duas cores da bandeira do Império do Brasil. O verde não simboliza as matas, mas os Bragança, a família imperial brasileira. O amarelo também não é das riquezas, do ouro desta terra. Na verdade, representava a cor dos Habsburgo, a casa austríaca da imperatriz Dona Leopoldina.
No início da guerra, os farroupilhas deixaram as cores do Brasil, mas as separaram com uma faixa vermelha. Moacyr Flores lembra que eles defendiam uma federação, com grupo republicano.
— O vermelho significa o pedido de justiça, como nos movimentos liberais com origem no Iluminismo — explica o escritor.
Eu também conversei com o historiador e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cesar Augusto Barcellos Guazzelli, que traz outros elementos importantes para entendermos o vermelho entre o verde e amarelo.
— Há muito tempo, o vermelho representa a liberdade, a radicalidade. O federalismo era interpretado como a liberdade das províncias. Eles mostraram que a origem estava lá (no Brasil), mas não queriam aquela organização, queriam autonomia — resume.
O professor também contextualiza os movimentos políticos da época nesta região do mundo, com o vermelho usado para representar o federalismo nos atuais territórios do Uruguai e da Argentina. A bandeira de Artigas, uma das três oficiais do Uruguai, tem uma faixa vermelha. Juan Manoel de Rosas também colocou vermelho na bandeira da Confederação Argentina.
Depois da Guerra dos Farrapos, encerrada em 1845, a bandeira da República Rio-Grandense ficou esquecida. Com o fim do regime monárquico no Brasil, os republicanos decidiram usar as cores e o brasão dos farroupilhas na bandeira do estado do Rio Grande do Sul.
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