Há dois anos morando em Kissimmee, nos Estados Unidos, Paulo Lindner, 57 anos, incorporou na nova vida os hábitos que mantinha na sua terra natal, Cachoeirinha.
— O traje (pilcha) eu uso, geralmente, quando há evento do CTG. Nesses encontros, fizemos churrasco e outras comidas típicas do Rio Grande do Sul. O chimarrão é costume do dia a dia — relata o aposentado, recordando que a primeira vez em que visitou Miami, em 1987, não hesitou em sair pelas ruas de bombacha e cuia em punho.
O CTG Rincão do Imigrante, fundado em solo americano, reúne outros brasileiros que moram por lá. Os encontros, a cada três meses, são regados a dança, música, comida e muita conversa sobre as tradições — um tema que gera curiosidade entre os frequentadores estrangeiros.
Neste ano, a Semana Farroupilha será nos dias 24 e 25 de setembro.
— Essas reuniões aproximaram até quem não cultuava as tradições quando vivia no Rio Grande. Meu irmão nunca foi muito ligado, mas, depois de um tempo que se mudou para cá, começou a fazer mateada. A distância aflora a saudade — afirma.
A única saudade que o CTG e os costumes não conseguem amenizar é a da família. A distância de mais de 7 mil quilômetros parece ser ainda maior quando o aposentado lembra do irmão e da mãe, que moram em Campinas (SP), e da filha, que ficou em Cachoeirinha.
Na Inglaterra, Lucas não perde os jogos do Grêmio
A busca por qualidade de vida e melhores oportunidades levaram o relações públicas porto-alegrense Lucas Aricio Pacheco, 34 anos, e a mulher, Luiza Ferreira Naibert, 34, ao Reino Unido.
Ele trabalha como analista de fraudes em uma empresa de apostas esportivas online. A distância de mais de 9,5 mil quilômetros que separa a cidade onde o casal reside - Stoke-on-Trent, no norte da Inglaterra - da Porto Alegre de sua família e amigos é amenizada com o convívio online e jogos do tricolor.
— Nos comunicamos por ligações, chamadas de vídeo e mensagens. O problema é a saudade do Grêmio. Acompanho todos os jogos. Como o fuso horário é de quatro horas a mais, as partidas que começam às 21h30min no Brasil, iniciam à 01h30min aqui. Isso faz o dia seguinte ser sempre mais sofrido — brinca.
Além do time do coração e do contato com pessoas queridas, chimarrão e churrasco aproximam Lucas do seu Rio Grande:
— Chimarrão tomamos menos, mas toda semana tem. Churrasco sai pelo menos uma vez na semana.
Ele conta que, em Stoke-on-Trent, vivem outros gaúchos. Sempre que o tempo colabora — lá chove muito —, eles se reúnem e assam carnes, com direito a costelão de 12 horas:
— Muitas vezes, ao som de uma música gaudéria ou escutando o pré-jogo na Rádio Gaúcha para manter o costume.
O churrasco não atrai somente os saudosos filhos desgarrados. Estrangeiros de todas as partes, conta Lucas, adoram a iguaria já que o churrasco dos pagos de lá é resumido a pão, linguiça e legumes.