Não é apenas uma adaptação do modelo masculino. A bombacha feminina tem identidade própria e é pensada para que se encaixe ao corpo e às demandas das mulheres por estilo e versatilidade. Nos últimos anos, o cenário da moda tradicionalista tem apresentado versões mais coloridas, com estampas e em tecidos variados: para além da sarja, as bombachas femininas aparecem em versões de algodão, linho e alfaiataria, compondo looks mais elegantes que podem incluir até sapatos de salto.
— As bombachas costumavam ser ou muito justas, ou de cós baixo, não me vestiam bem no corpo. Com esses novos modelos, como os de cintura alta, comecei a usar bastante no dia a dia, não só para atividades campeiras. Percebi, do ano passado para cá, o surgimento de marcas realmente femininas de bombachas, com tecidos diferentes, ligados às tendências da moda — afirma a apresentadora do Galpão Crioulo, Shana Müller.
O interesse do público feminino na peça, que ultrapassou as porteiras das fazendas e os salões dos CTGs para ganhar espaço na cidade, se comprova no sucesso que algumas marcas de bombachas têm experimentado, principalmente nas vendas online. Percebe-se também que muitas destas iniciativas são lideradas por mulheres, que encontraram um nicho onde empreender e atender às suas próprias demandas.
Quem faz as bombachas femininas:
La Madre
As amigas Daiane Mentz e Cristiane Ignácio, de Jaguarão, queriam um negócio que pudessem tocar ao mesmo tempo em que se dedicam a criar suas filhas, de dois e três anos. Também desejavam que as mulheres encontrassem opções mais interessantes de bombachas no mercado. Com isso em mente, lançaram em novembro de 2020 a La Madre, marca que cresceu rápido: no Instagram, já são quase 9 mil seguidores e 90% das vendas ocorrem pela internet.
— Temos muitas clientes que são veterinárias, produtoras, trabalham no campo. Mas, ao mesmo tempo, ganhamos um público urbano muito grande, porque nossa proposta é que seja uma bombacha confortável para as mulheres que querem trabalhar, mas também estilosa para usar com tênis ou salto. Estamos desmistificando essa questão de que bombacha é só pra andar a cavalo – afirma Daiane Mentz
A modelagem – mais soltinha – e os tecidos (alfaiataria, algodão e veludo) são escolhidos pela dupla de sócias, e as peças são costuradas por uma empresa parceira. Entre os produtos mais vendidos estão as peças listradas e xadrez, em diversas cores, disponíveis inclusive em versões infantis para que mães e filhos possam combinar o look.
- La Madre
- Jaguarão
- de R$175 a R$180
- @lamadrebr
Sentinela
A empreendedora Andressa Porto da Silva, 21 anos, começou a produzir as bombachas femininas em abril deste ano, como um hobby, depois de não encontrar no mercado peças que ficassem bem no seu corpo e resistissem à rotina de trabalho na fazenda, onde auxilia seu avô. De lá pra cá, o passatempo tornou-se um negócio: a marca Sentinela, que aposta em tecidos sustentáveis para fabricar modelos sob medida, exclusivamente para mulheres.
— A cada mês lanço uma coleção. Já tivemos tecidos mais liso, listrado, xadrez. Estamos entrando no mercado com essa proposta de que a mulher pode usar a bombacha não só para um dia de trabalho no campo, mas para passeio — afirma Andressa.
Como a Sentinela faz envios para todo o país, a marca desenvolveu instruções para que as clientes tirem suas próprias medidas e garantam uma bombacha personalizada e confortável. Além disso, a etiqueta das peças pode ser plantada, já que é feita com sementes de flores.
- Sentinela
- Piratini
- R$ 120
- @sentinelabombachas
Pampa Sul
Há 16 anos, na cidade de Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná, a família Ferrari começou a investir em roupas para rodeios. Dois anos depois, começaram a produzir também as peças femininas, hoje responsáveis por 50% dos lucros da marca, que distribui seus produtos em cerca de 500 lojas no Rio Grande do Sul e outras 250 no Brasil, no Uruguai e no Paraguai.
— Alguns dos nossos produtos são produzidos em sarja crua e neles trabalhamos com cores da estação, como verde-oliva, nude e tons terrosos — afirma Alex Bernardi, responsável pelo marketing e gestão da marca.
Um dos modelos mais sociais da Pampa Sul é a “bombacha Anita Garibaldi”, que lembra uma calça clochard, com cintura alta e faixa para amarração, quadril mais solto e barras afuniladas, em tecido de alfaiataria. Foi o modelo que Shana Muller vestiu no Galpão Crioulo do dia 11 de julho, a primeira vez em que a gaúcha apresentou o programa, em estúdio, usando bombacha.
- Pampa Sul
- Francisco Beltrão/PR
- de R$180 a R$260
- @bombachaspampasul
Santa Márcia
Há dois anos, a marca Santa Márcia, de Uruguaiana, expandiu sua produção, que até então era dedicada a bombachas e camisas infantis. Hoje produz também bombachas adultas e tem lista de espera para mulheres que querem vestir peças da marca, que fabrica modelos coloridos, listrados, poá e com tecidos como sarja, linho nacional e alfaiataria. O objetivo de Karina Piegas de Siqueira, proprietária da Santa Márcia, é fazer peças que se encaixem no corpo feminino.
— Eu uso bombacha o dia inteiro e só não uso mais pois não dá tempo de fazer para mim. Como eu monto a cavalo e faço provas de paleteada, fiz uma bombacha pensando na mulher do campo, que ela possa trabalhar confortável, sem estar apertada, sem ter algo machucando — diz Karina.
- Santa Márcia Pilchas
- Uruguaiana
- R$120 a R$190
- @santamarciapilchas