A busca por ambientes que atuam com políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEIs) tem sido cada vez maior. Para algumas pessoas, frequentar lojas, restaurantes ou casas de festas já não é mais uma escolha aleatória, passando por uma avaliação não somente da qualidade dos produtos e do atendimento, mas também por uma observação sobre o quanto aquela empresa está preocupada em ser diversa.
Em 2023, a pesquisa Oldiversity: Impactos da Diversidade e Longevidade para Marcas e Negócios, idealizada pelo Grupo Croma, mostrou que 67% dos entrevistados passaram a admirar marcas que apoiam a diversidade. Outro estudo, revelado pelo Relatório Orgulho LGBTQIA+ 2023 aponta que sete em cada 10 entrevistados que se identificam como LGBTQIA+ tendem a preferir comprar em empresas que demonstram apoio à diversidade.
É o caso da fotógrafa Tatyane Larrubia, 32 anos, moradora do bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Carioca, ela revela que vê na capital gaúcha uma diferença positiva em relação a outras cidades em que já esteve.
— Acho que quando a gente compara com outros lugares, Porto Alegre está muito à frente, existe um nicho na cidade que é bem forte, e que abraça bastante a causa — diz.
Para Tatyane, frequentar locais que implementam políticas DEIs é mais que um hábito, mas também uma forma de autoproteção:
— São lugares em que eu me sinto mais segura de frequentar. Minha namorada gosta de andar de mãos dadas, por isso influencia muito no meu sentimento de segurança. A partir do momento que eu vejo que existem locais que se preocupam com a minha segurança, eu vou dar prioridade a esses locais — explica.
A jornalista Jonara Cordova, 31, afirma que busca se relacionar com espaços ou empresas que tenham compromisso o ano todo com questões de diversidade, equidade e inclusão, não somente em datas específicas, como no mês do orgulho LGBTQIA+, por exemplo.
— Acho importante observar se o discurso da marca é coerente e corresponde à realidade das práticas da empresa na relação com os seus funcionários e com os consumidores.
Ela explica que geralmente consome em locais indicados por amigos e se percebe alguma situação de discriminação ou exclusão, deixa de frequentar e fala sobre com as pessoas que conhece para que elas possam decidir se vão continuar frequentando ou não.
— Para mim, atender a essa expectativa (de diversidade, equidade e inclusão) é o mínimo. Todos os locais deveriam ser diversos, inclusivos e equalitários. O que foge disso é inaceitável e não vejo sentido em permanecer consumindo — enfatiza Jonara.
Mais inovação
Hoje, muitas pessoas preferem consumir de empresas que demonstram um compromisso genuíno com a diversidade e a inclusão, segundo a analista de Diversidade e Inclusão da Gerência de Gestão de Pessoas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Bruna Bernardes:
— Marcas que promovem práticas inclusivas podem atrair uma base de clientes mais ampla e leal. Isso pode resultar em maior engajamento e uma percepção positiva por parte da sociedade. A diversidade também pode levar a uma maior inovação, com empresas desenvolvendo produtos e serviços que atendam a um espectro mais amplo de necessidades e preferências.
A profissional acrescenta que as pessoas valorizam lugares que compartilham e praticam os mesmos valores que elas, resultando na tendência de atrair clientes que se preocupam com esses temas.
— Empresas que promovem um ambiente inclusivo geralmente criam uma imagem positiva e moderna. Essa percepção pode tornar o local mais atraente para um público mais amplo, que vê essas práticas como um sinal de responsabilidade social.
Bruna frisa também que equipes diversas trazem uma ampla gama de perspectivas e experiências, o que pode levar a soluções mais criativas e inovadoras para problemas e desafios.