Após a enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio, 14 pontes localizadas em rodovias no Estado precisam ser reconstruídas. Dez destas ficam em estradas administradas pelo governo estadual, e outras quatro são de administração do governo federal.
A chuva extrema que atingiu o Rio Grande do Sul desde o final de abril e ao longo de maio gerou diversos danos estruturais, causando problemas logísticos em razão do impacto nas rodovias gaúchas. O Painel da Reconstrução, desenvolvido pelo Grupo RBS, monitora as ações realizadas pelos governos federal e estadual para acelerar a recuperação econômica do Estado, incluindo a restauração de estradas e pontes.
No início de junho, o governo estadual apresentou um plano de recuperação de rodovias, destacando trechos prioritários a serem restaurados. No momento, a secretaria estadual de Logística e Transportes aponta 10 pontes em rodovias estaduais que foram danificadas pela chuva e precisarão de obras de reconstrução nos próximos meses.
— Essas rodovias e pontes são essenciais para a logística das regiões afetadas pela maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul. Vamos reconstruir juntos as pontes e estradas estaduais, esse é um trabalho coletivo, vamos reerguer juntos o Rio Grande do Sul. E todas elas entraram nessa lista pela importância em suas regiões, levando em conta critérios como quantidade de afetados, impactos na economia local, na saúde, na mobilidade urbana e no volume de circulação de veículos — afirma o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella.
Entre as pontes estaduais que serão reconstruídas, a que se localiza entre Arroio do Meio e Lajeado, na ERS-130, já teve a ordem de início assinada. A nova ponte terá 150 metros de extensão e altura superior à anterior, destruída pela enchente. O investimento previsto é de R$ 14,05 milhões, financiados com recursos da praça de pedágio da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), e a projeção de conclusão é de seis meses.
O edital de licitação para a construção da nova ponte sobre o Rio Taquari, na ERS-431, em São Valentim do Sul, destruída ainda em setembro de 2023, foi publicado em 2 de maio, e a abertura de propostas das empresas interessada em executar a obra deve acontecer em 26 de julho. A partir daí, corre o prazo para o vencedor da licitação apresentar os documentos de habilitação, e se tudo correr de maneira adequada, a empresa é homologada e começa o trâmite para a assinatura do contrato. O investimento total está orçado em R$ 31,3 milhões, sendo R$ 24,4 milhões do governo federal R$ 6,9 milhões do governo estadual.
Ainda segundo a secretaria de Logística e Transportes, outras seis pontes estaduais já têm recursos, que virão do Ministério de Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), empenhados para as obras:
- na VRS-843 em Feliz;
- na ERS-441 em Vista Alegre do Prata;
- na ERS-417 em Itati;
- na RSC-471 em Sinimbu; e
- duas na ERS-348 em Faxinal do Soturno.
A ponte de Feliz, orçada em R$ 11,7 milhões, já tem empresa vencedora homologada, a Trilha Engenharia ltda, e o próximo passo será encaminhamento para área jurídica do Daer e para elaboração do contrato de trabalho.
As pontes de Vista Alegre do Prata (R$ 7,5 milhões), Faxinal do Soturno (R$ 15,7 milhões e R$ 11,7 milhões), Itati (R$ 8,6 milhões) e Sinimbu (R$ 6,5 milhões) já têm empresa vencedora da disputa eletrônica, mas aguardam análise jurídica e técnica para homologação.
Outras duas pontes estaduais, uma em Dilermando de Aguiar, na ERS-530, orçada em R$ 7,8 milhões, e outra em Relvado, na ERS-433, orçada em R$ 6,5 milhões, tiveram o plano de trabalho aprovado pelo MIDR, e o Daer aguarda liberação dos recursos para iniciar o processo de contratação das obras. Para as obras nas pontes estaduais, após a assinatura dos contratos, há um prazo de 75 dias para estudos e aprovação dos projetos, e depois desse período se iniciam os trabalhos.
Além da ponte entre Arroio do Meio e Lajeado na ERS-130, ainda não há um prazo de início ou conclusão projetado para os trabalhos nas outras pontes estaduais. Somando o orçamento previsto para a reconstrução destas 10 pontes sob administração do Estado, o investimento projetado é de R$ 121,35 milhões.
Pontes em rodovias federais
Conforme informa o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), são quatro as pontes em rodovias federais do Estado que precisam ser reconstruídas:
- na BR-116 entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis;
- na BR-471 em Rio Pardo;
- na BR-153 em Cachoeira do Sul; e
- na BR-287 em São Vicente do Sul.
Todas receberão recursos do Ministério dos Transportes. Uma já teve a reconstrução iniciada, a ponte entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis. A obra da nova estrutura, que terá 180 metros de comprimento, começou em 9 de julho. Orçada em R$ 31 milhões, o trabalho tem previsão de conclusão em dezembro deste ano.
A ponte do Fandango, localizada na BR-153 em Cachoeira do Sul, está em fase de adequação do projeto para execução da obra. Com orçamento de R$ 60 milhões, os trabalhos devem começar até novembro deste ano.
Já as pontes na BR-471 em Rio Pardo e na BR-287 em São Vicente do Sul estão em fase de conclusão dos planos de trabalho, e ainda não têm prazo para início das obras nem projeção de investimentos.
— A malha rodoviária, com todas as suas estruturas, é absolutamente fundamental para o Estado. Esses pontos de interrupção impactam a economia, já que essa infraestrutura é um vetor muito importante de desenvolvimento — reforça o superintendente do Dnit no Rio Grande do Sul, Hiratan Pinheiro.
Pontes municipais
Além das pontes localizadas em rodovias estaduais e federais, estruturas em vias municipais também foram afetadas pela enchente de maio. Segundo levantamento realizado pela Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), respondido por 426 municípios, cerca de 1.360 pontes municipais foram impactadas.
Pelo número diverso de municípios e a grande quantidade de pontes atingidas, cada estrutura foi impactada de uma forma. Para sua recuperação, os municípios devem buscar recursos da Defesa Civil nacional, ligada também ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
— Essas pontes que foram destruídas pela força das águas são importante meio para conectar comunidades e facilitar o acesso à saúde, à educação e a diversos outros recursos. Nesse ponto, os municípios têm conseguido, na sua grande maioria, cadastrar pedidos junto ao sistema da Defesa Civil do governo federal, fazendo a solicitação de recursos para reconstrução das pontes destruídas — afirma o presidente da Famurs, Marcelo Arruda.