Em 2020, em meio à pandemia de coronavírus, agricultores familiares de São Sebastião do Caí, Portão, Bom Princípio e Imigrante uniram esforços por meio de uma cooperativa. Quatro anos depois, eles enfrentam mais um desafio, desta fez causado pela água que vem por terra e pelo céu. Na semana em que se comemora o Dia do Cooperativismo, Zero Hora visitou a Coopervalecai e mostra, abaixo, como é a vida em uma cooperativa agrícola.
Da terra à mesa
Antes de chegarem às prateleiras dos hipermercados, os hortifrutigranjeiros — hortaliças, legumes e frutas — partem de sítios como o de Paulo Orth, produtor rural e presidente da Coopervalecai. Paulo faz parte da segunda geração a cultivar no terreno, que conta com bergamoteiras e limoeiros à perder de vista.
O sítio da família Orth é, também, a sede da cooperativa. Foi Paulo quem deu o pontapé inicial para a criação da organização. O carro-chefe da produção dele são as frutas, especialmente a bergamota.
São Sebastião do Caí recebe anualmente a Festa da Bergamota e das Flores. Tamanha é a mobilização pelo evento que, neste ano, deve contar com show do cantor Luan Santana. Em maio e junho, Paulo, assim como outros pequenos produtores da região, chegou a desacreditar na realização da edição desde ano.
Viram suas plantações sendo arrastadas pela força da água que transbordou o Rio Caí e suas árvores sem forças para darem frutos em razão da chuva em excesso e da falta de sol.
Sobra água, falta sol
A despeito do risco de seca até o final do ano para o Estado, por hora a situação é a oposta. Na horta do produtor rural Aliciandro Lamb, cooperado, as verduras não estão crescendo. A couve folha chegou a regredir. A alface nasce com anomalias e as folhas se estendem em busca de sol.
— A gente plantou e veio muita chuva e lavou a terra. Praticamente arrasou a plantação. Não tem o que fazer. Com esses dias nublados, frio e chuva, a pessoa planta e tem de esperar a planta vingar. A produção caiu praticamente 70%. O que a gente planta e iria colher em 60, 80 dias, demora mais do que cem agora — lamenta Lamb.
União pela cooperativa
Mesmo com o cenário que enfrentam, os cooperados seguem confiantes. Com a retomada das aulas nas escolas estaduais, aos poucos a demanda pelos produtos volta a crescer. A aposta por frutos da estação, multicultura e respeito com a terra dão uma esperança maior para uma recuperação rápida.
Além disso, a união de agricultores familiares por meio da cooperativa também é um alívio.
— A questão de emissão de notas, organização das entregas, novos mercados, junta uma gama maior de produtos. Conseguimos chegar a mercados que antes não tínhamos acessos. Eu só vejo o lado positivo da cooperativa. — reforça o presidente da cooperativa.