O Ministério Público (MP) informou, nesta terça-feira (7), que não há crianças consideradas desaparecidas em Canoas devido à enchente que atinge o município. O órgão também afirma que nove menores de idade ficaram momentaneamente sem familiares durante o trabalho de resgate; oito já estão com os pais e uma adolescente foi levada para uma casa de acolhimento.
O esclarecimento do MP ocorre porque listas com nomes de menores que estariam desaparecidos ou desacompanhados em abrigos circulavam nas redes sociais nesta semana. Em uma delas havia a identificação de 53 crianças, que, segundo a mensagem encaminhada, estariam na Ulbra, o principal abrigo de Canoas durante a cheia do Guaíba.
Segundo João Paulo Fontoura de Medeiros, promotor de Justiça da Infância e Juventude de Canoas, as informações circulam de maneira distorcida.
— Formulamos listas com base no pedido de informação feito por familiares e amigos sobre a localização de crianças e adolescentes. Por fake news, dolo ou por falta de informação, foi relatado como se fossem 200 ou mais desaparecidos na comarca. Não era isso: havia, sim, 200 pessoas solicitando informações a respeito de crianças no meio de uma tragédia — esclarece.
Segundo ele, as autoridades receberam 331 nomes para averiguação. A partir disso, uma busca ativa em hospitais e casas de acolhimento foi feita no município.
— Fizemos varreduras, cruzamos informações e esse número (331 pessoas) passou para 98. Mas reforço: não são 98 crianças desaparecidas em Canoas, são 98 que não conseguimos verificar onde estão até o momento, que é algo que queremos fazer ao longo dos próximos dias — acrescenta.
Portanto, por não ter averiguado todos os pedidos dos familiares, o MP não se refere às 98 crianças e adolescentes como desaparecidos neste momento.
Durante as atividades de resgate, as autoridades e voluntários identificaram que havia nove crianças desacompanhadas na Ulbra. Elas foram separadas do restante dos desabrigados e alojadas em uma sala, onde receberam atenção de assistentes sociais, psicólogos e representantes do MP e Conselho Tutelar.
Ali ficaram até que os pais fossem contatados; oito delas foram entregues aos familiares. Uma jovem de 17 anos foi a única acolhida institucionalmente e ficará em uma casa de acolhimento até a localização dos pais.
Segundo o promotor, uma estrutura para receber crianças desacompanhadas foi organizada na Ulbra e deve continuar nos próximos dias, em caso de necessidade. Medeiros pede para que listas com os nomes das crianças parem de ser compartilhadas nas redes sociais e solicita que apenas o MP ou Conselho Tutelar sejam acionados sobre o assunto.
— Sabemos que há pessoas disparando essas listas como uma forma de engajamento. Já é uma tragédia, a pessoa perdeu tudo e ainda tem que ver a informação de que o filho desapareceu ou está morto. É necessário que as pessoas tenham um pouco de humanidade nesse momento e prestem atenção no que estão fazendo — finaliza.