Sob sol forte, diversos moradores da Região das Ilhas de Porto Alegre, onde centenas de residências foram destruídas, são resgatados através do Guaíba neste domingo (5). Os atingidos pelas cheias chegam na Usina do Gasômetro com ajuda de voluntários, bombeiros e policiais civis, através de barcos e jet-skis.
O lugar, considerado um dos principais pontos turísticos de Porto Alegre, observa um cenário muito triste, mas acompanhado de esperança e solidariedade. Enquanto algumas pessoas chegam felizes e aliviadas, percebe-se que outras estão extremamente abaladas com a situação.
Suelen Engrazia, chefe de Psicologia do Hospital Vila Nova, também atuante no acolhimento aos moradores das Ilhas, explica sobre como está ocorrendo o serviço de psicologia para algumas pessoas que são resgatadas no Gasômetro:
— Na maior parte das vezes, chegam em estado de choque, perdidas, sem ter para onde ir, sem saber o que fazer a partir de agora. Muitas estão preocupadas com familiares desaparecidos. Estamos dando atenção imediata para essas pessoas, validando os sentimentos delas e, principalmente, acalmando, deixando elas em lugares seguros e orientando o que pode ser feito a partir de agora.
Além do Gasômetro, o Pontal também recebe quem é resgatado das Ilhas.
— As pessoas que estão chegando passam por uma triagem, onde informam alguns dados, como nome e endereço. Depois disso, ganham roupa e alimento. O pessoal, juntamente com a Prefeitura, se disponibiliza a levar pessoas para outras casas ou abrigos — explica a voluntária Alessandra, técnica em enfermagem.
A visão do voluntariado
Voluntários chegam de diversos lugares para ajudar os necessitados. Ângelo, por exemplo, veio de Santa Catarina e trouxe consigo seu jet-ski e deu um parecer sobre seu trabalho:
— Cheguei ontem (sábado) à noite, em meio ao caos, não podia fazer resgate pois a correnteza estava muito forte. Hoje pela manhã, cedo, a partir das 5h, começamos. Fomos à Ilha da Pintada, retiramos muita gente de lá pela manhã, até às 11h30min, mais ou menos. Inclusive trouxemos muitos animais, cadeirantes e idosos. Algumas pessoas se recusam também a sair, e a essas nós damos alimentos e água.
Questionado sobre o cenário que encontrou na Ilha da Pintada, Ângelo detalhou:
— As casas estão todas pela metade. Em casas de dois andares, a única parte que está fora é o andar de cima, mas o resto está embaixo da água. Tem muito animal morto, cavalos e cachorros, bem caótico.
Como ajudar
Matheus, mais um voluntário que está atuando na Orla do Gasômetro, destaca que muitas pessoas doam marmitas e esses alimentos acabam estragando. Portanto, o ideal é que esse tipo de doação não ocorra em grande quantidade, mas sim, de alimentos não perecíveis, que poderão, posteriormente, serem utilizados na cozinha.
Lanches e água potável, reforça Matheus, também são bem-vindos. Além disso, os voluntários alertam que ouros tipos de doações necessárias para o QG do Gasômetro são alguns medicamentos e equipamentos de medicina, como:
- Aerolin spray
- Prednisona
- Dramin
- Plasil
- Dipirona
- Loratadina
- Manta térmica
- Caixa de luva tamanhos P, M e G
Para chegar ao ponto de arrecadação dessas doações, as pessoas terão que passar por ruas alagadas. Porém, essas vias estão com níveis baixos de água, pouco acima dos pés.
Outra instrução importante é que, caso não consiga ajudar com os materiais citados acima, não se desloque ao local. No momento, não estão precisando de mais voluntários na Orla, pois o número de pessoas ajudando já está bem elevado — se aumentar, pode acabar prejudicando os resgates e o atendimento às necessidades das vítimas.