O mapeamento por imagens de satélite das áreas atingidas pelo desastre climático acelerou o pagamento de auxílios financeiros a pessoas afetadas por enchente, inundação ou deslizamento de terra no Rio Grande do Sul. Com a identificação dos endereços, 65 mil famílias já foram habilitadas para receber recursos dos benefícios pagos pelo governo estadual.
A partir do cruzamento das imagens captadas com informações de diferentes bancos de dados, a Secretaria do Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) identificou famílias de baixa renda que se enquadram nos critérios para receber os auxílios de R$ 2,5 mil, do programa Volta Por Cima, ou R$ 2 mil, fruto das doações ao Pix SOS Rio Grande do Sul.
O mecanismo substituiu o formato utilizado em edições anteriores do Volta Por Cima, no qual as prefeituras eram obrigadas a cadastrar as famílias e repassar os dados ao governo estadual, que só então liberava os recursos. Agora, isso só precisa ser feito em casos específicos, de pessoas que não foram identificadas pelo mapeamento.
— Esse sistema permite que as políticas sejam executadas de forma mais rápida, sem depender de um cadastro prévio ou de informações de municípios que ainda estão na fase de restabelecimento — descreve a secretária do Planejamento, Danielle Calazans.
Lançado em 2023 para atender famílias pobres ou extremamente pobres vítimas de desastres naturais, o Volta Por Cima havia enviado recursos a 23,5 mil pessoas desde então. Com sistema de identificação por georreferenciamento, cerca de 40 mil famílias foram habilitadas para receber o dinheiro em virtude do atual desastre climático. Dessas, 39,2 já haviam recebido o recurso até esta sexta-feira (24).
No caso do valor proveniente do Pix, cerca de 25,5 mil beneficiários já foram identificados. Desses, 2.070 já receberam os recursos.
Além da utilização para encontrar famílias que têm direito aos auxílios financeiros, a tecnologia também está sendo utilizada por outras secretarias estaduais para a formulação de políticas públicas em áreas como a habitação, meio ambiente e desenvolvimento econômico.
Até o momento, já foram georreferenciados 224 municípios gaúchos. Nessas cidades, estão 267 mil domicílios atingidos, onde residem cerca de 565 mil pessoas, das quais 179 mil são consideradas vulneráveis. Além disso, com base em dados da Junta Comercial e da Receita Estadual, foram mapeadas 109 mil empresas diretamente atingidas.
Como é feito o georreferenciamento
- O serviço de mapeamento do Estado com geração de imagens de alta definição, foi contratado no ano passado, após as enchentes ocorridas no Vale do Taquari. As imagens permitem identificar as manchas de inundação e os locais em que houve deslizamentos de terra
- Com essas informações em mãos, o Departamento de Economia e Estatística (DEE), ligado à Secretaria do Planejamento, faz um cruzamento com bases de dados disponíveis, como o censo demográfico do IBGE, o Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal e cadastros estaduais, como os de Assistência Social, Saúde, Educação e Segurança
- Com o resultado desse cruzamento, é possível delimitar áreas atingidas e identificar endereços de domicílios, estabelecimentos comerciais e prédios públicos
- Também é possível identificar, pelo endereço, a população atingida; no caso dos programas sociais do Estado, o filtro se dá pelas famílias mais vulneráveis, inscritas no Cadastro Único