Ruas da área residencial do Centro de Rio Grande estão debaixo de inundação que, em alguns pontos, se aproxima de um metro na manhã desta quinta-feira (9). O cenário de enchente na região se mantém, apesar de a Lagoa dos Patos ter amanhecido com nível mais baixo, o que é influenciado pela direção do vento.
Entre algumas das vias afetadas estão a João Salomão, a Major Carlos Pinto e a São Domingos Sávio. Nesta última, os moradores Alexandre Sapata e Rafael Arrieche usavam um bombeador movido a bateria para jorrar a água de dentro das casas para a rua.
— Quando a água volta pelo subsolo, bombeamos de novo — relata Sapata.
Eles já tinham recebido um gerador e aguardavam a chegada de um segundo, na manhã desta quinta-feira, para dar continuidade aos bombeamentos e carregar baterias de aparelhos de celular, já que estão sem energia elétrica.
Sapata e Arrieche já perderam móveis que não podem ser levantados, como a cozinha planejada. Eles relatam que duas casas cujos habitantes decidiram sair para escapar da cheia foram arrombadas na região. Sapata diz que a insegurança é o principal motivo para seguir caminhando com água pela cintura, a despeito do seu 1m88cm de estatura.
A situação na Rua São Domingos Sávio é ainda mais dramática porque a via passou por obra de instalação de nova tubulação e bocas de lobo. O piso de paralelepípedo, contudo, não foi reposto. A obra não foi finalizada. A enchente espalhou montes de areia e pedras. Caminhar dentro da água é um desafio, com buracos e entulho submersos, além do lodo.
A Rua São Domingos Sávio fica pelo menos 300 metros distante da Lagoa dos Patos e, mesmo assim, está debaixo d'água.
— (Enchente) assim nunca tinha dado, nem perto — relata Arrieche, que mora há 40 anos no local.
Na Rua Major Carlos Pinto, o "canelete", como é chamado um curso d'água semelhante a um arroio que corre no local, transbordou e virou, em alguns trechos, uma coisa só com as poças da rua. Isso faz subir odor de esgoto.
A prefeitura de Rio Grande divulgou na quarta-feira estimativa de que 31,8 mil pessoas serão atingidas pela cheia.
Às 10h desta quinta-feira, a gestão municipal divulgou boletim informando que a Lagoa dos Patos estava 84 centímetros acima do nível normal. A previsão das autoridades é de que será superada a maior cheia da história de Rio Grande, em 1941, quando a lagoa atingiu 1m25cm acima do normal.