Moradores de Alvorada, na Região Metropolitana, foram surpreendidos com a água da chuva avançando para dentro das casas em bairros como Passo do Feijó, Americana, Nova Americana, 11 de Abril, Tijuca e Umbu desde a madrugada desta quinta-feira (2). Conforme o diretor da Defesa Civil, Vilmar Laureano, mais de 70 pessoas precisaram ir para residências de parentes ou conhecidos, e mais quatro foram para o ginásio Djalma Neves, no bairro Sumaré.
— A água molhou todas as roupas. Molhou fogão, geladeira, perdemos tudo dentro de casa. Foi até a cama. Meu companheiro ficou lá para não roubarem as coisas — mencionou, com lágrimas nos olhos, a desempregada Janaína Dias Corsine, 57 anos, uma das primeiras a chegar ao abrigo.
A prefeitura estima que choveu 239 milímetros nas últimas 72 horas. Em razão dos estragos, as aulas na rede municipal estão suspensas nesta semana.
A situação preocupa, porque a chuva persiste na região. No bairro Americana, pessoas relatavam que a água chegou até a cintura. Uma idosa cadeirante foi retirada com auxílio de uma retroescavadeira. A Rua Itararé foi uma das mais atingidas e se transformou em um rio.
Desabrigada desde a madrugada, a dona de casa Solange Oliveira Nascimento, 53 anos, observava os trabalhos, enquanto esperava por um transporte para ir ao ginásio cedido pelo prefeitura.
— Não sei se não perdemos tudo. Pegamos o que tinha e saímos — relatou, mostrando uma pequena mochila com roupas.
Auxiliando na área, o voluntário e socorrista do Samu Lucimar Cardoso, 47 anos, abordou a reportagem e fez um pedido com relação aos animais de estimação que estavam sendo deixados nas casas.
— Não deixem os animais para trás. Tem muito bicho morrendo afogado. A gente se responsabiliza a dar ração, levar para um lugar seguro e devolver — salientou.
Quem quiser entrar em contato para pedir auxílio para os pets, pode acionar o telefone 51 98556-4075. A prefeitura também estava ajudando a conseguir locais de passagem temporária.
Atravessando a cavalo
A enchente na Rua Itararé seguia até a região do bairro Nova Americana. Com o bloqueio pela água, o morador Luís Carlos de Oliveira Júnior pegou o cavalo para atravessar de um lado a outro e chegar até a Rua Americana, na região de mesmo nome.
— Água no peito lá, estamos recolhendo as coisas, não tem como ficar — explicou, enquanto cavalgava.
Perto dali, o motoboy Jaderson Luís Oliveira de Abreu, 24 anos, mostrava a entrada de casa tomada pelos alagamentos. Com água batendo no meio das pernas, ele comentou que a região passou a sofrer bastante com as enchentes nos últimos tempos.
— Choveu e é isso aí. Enchia, mas não era assim. Agora qualquer chuvinha é assim. Olha lá a geladeira boiando, e está cheia de coisa — lamentou.
Arroio Feijó sobe e prejudica famílias
No bairro Passo do Feijó, moradores se surpreenderam com o avanço da água. Na Rua Albion, um campo de futebol virou um lago. Veículos não conseguiam seguir até a Avenida Beira-Rio antes do dia amanhecer.
— Ficamos a noite toda de plantão, a água pela cintura, com criança e gente de idade. Perdemos quase tudo dentro da minha casa. Derrubou tudo — lamentou a doméstica Marissel Franco Miranda, 48 anos, mostrando a cerca da casa no chão.
Na Unidade Básica de Saúde Santa Clara, no mesmo bairro, funcionários afirmaram que não haveria atendimento. A água invadiu a estrutura, deixando o chão repleto de barro, lixeiras e utensílios revirados e equipamentos e prontuários molhados.