Mesmo com a trégua da chuva que atinge o Estado nos últimos dias, moradores do Vale do Sinos seguem em estado de alerta. Com a água que continua descendo de outras regiões, o Rio dos Sinos ainda sobe em alguns municípios neste sábado (18), reforçando a atenção das autoridades nas próximas horas.
A situação é mais complicada em Campo Bom, onde pelo menos uma família está fora de casa e o rio invade as ruas de alguns bairros como Barrinha, Vila Rica e Porto Blos. Até as 18h deste sábado, o nível do rio estava em 7,07m — cerca de 13 centímetros abaixo da cota de alagamento, segundo o coordenador da Defesa Civil no município, Paulo Silveira.
No bairro Barrinha, a situação piorava gradativamente ao longo da tarde deste sábado. A reportagem de GZH chegou ao local por volta das 16h. A água se espraiava pelo pátio de algumas residências, mas ainda não estava na rua. Por volta das 17h, um dos cruzamentos da Travessa Pio XII já estava com um espelho de água na via, dificultando a passagem de veículos e pedestres.
Nascida e criada no bairro Barrinha, Suzana Gonçalves de Oliveira, 46 anos, é uma das moradoras que já observa a água invadindo o pátio. Ela e o marido, Valdemar Duarte Lopes, 48, não pretendem dormir em casa na noite deste sábado diante da expectativa de a água seguir avançando na região nas próximas horas.
Suzana disse que as pessoas que têm residência na área estão acostumadas com cheias em algumas épocas do ano. No entanto, a sequência de sete cheias neste ano chama atenção e preocupa, segundo a dona de casa. Ela também destaca a casa, que sofre com problemas estruturais em razão da humidade no terro.
— Quando a água começa a chegar na rua, eu começo a ficar assustada. A nossa casa está toda destruída, o piso tá rachado, a janela está quebrando, o forro tá ruim. Tudo vai piorando — relata.
Outra moradora do bairro Barrinha, Josimara Araújo, 38 anos, também destaca a sequência de cheias observadas em Campo Bom neste ano.
— Eu moro aqui e nunca foi assim. Tem ano que nem dá cheia. Geralmente tem em setembro. Mas nunca foi assim — destaca.
Morando com o marido e dois filhos, de oito e 11 anos, ela diz estar acostumada a conviver com água dentro do pátio nesse tipo de situação, mas sempre fica apreensiva por causa dos pequenos dentro de casa.
São Leopoldo e Novo Hamburgo
Em São Leopoldo, o Rio dos Sinos estava em 4,80m na tarde deste sábado, dentro da cota de alerta. Com isso, a água já invade alguns pontos das ruas da Praia e das Camélias. Até o início da noite, não havia relato de desabrigados (em abrigos públicos) ou desalojados (em casa de amigos ou parentes) na cidade. No entanto, a prefeitura afirma que a situação pode ficar mais complicada ao longo da madrugada em razão da água que segue descendo de Novo Hamburgo e Campo Bom. A Defesa Civil segue monitorando a situação e está de sobreaviso. O órgão já está em contato com comunidades ribeirinhas para avaliar a eventual remoção de famílias.
Na Rua das Camélias, a água estava sobre uma pequena parte da via, cobrindo cerca de uma quadra, por volta das 18h. Morando nesta rua há cerca de cinco anos, Madalena Ferreira, 55 anos, afirma que não consegue dormir com o rio avançando sobre o local. Ela e o filho se revezam durante a noite para monitorar a situação e antecipar uma eventual saída do local:
— A gente não consegue dormir. A gente reveza. Ele fica umas horas acordado e eu durmo. Depois a gente troca. A gente fica se revezando pra ver como está a altura da água.
Em Novo Hamburgo, o Rio dos Sinos estava estável na noite deste sábado, em 6,52m. Não há desabrigados ou desalojados no município. No bairro Canudos, alguns locais às margens da Avenida dos Municípios estavam alagados em uma área de barranco, mas moradores seguiam nas casas.