Famílias do bairro Navegantes, em São Sebastião do Caí, passaram a madrugada de terça-feira (5) em vigília, angustiadas com o nível do Rio Caí que, em razão da chuva incessante subia de forma exponencial, com risco de inundação. Por volta das 10h, a medição realizada pelo Serviço Geológico Brasileiro apontava que o nível do rio tinha diminuído seu volume em 8 centímetros em relação ao dado anterior, chegando aos 13,25 m e indicando que as próximas horas devem ser de estabilidade.
— Próximo do meio-dia o nível deve estabilizar. Caso não chova mais, acreditamos que na quinta-feira vamos poder devolver as pessoas para suas casas em segurança — projetou o prefeito Júlio Campani, em visita a uma das ruas alagadas.
Em alguns casos, com ruas elevadas ou imóveis construídos em plataformas afastadas do chão, o comércio funcionou pela manhã e não havia perspectiva de fechar pela tarde.
— Já subiu outras cinco ou seis vezes assim. Com o mercado elevado do solo, conseguimos seguir abertos até as 18h — diz Bernardete Tem Pass, 76 anos, moradora e comerciante do bairro há 55 anos.
Bernadette aceitava pedidos e pagamentos via celular e usava um barco para fazer as entregas de mercadorias em ruas mais alagadas. Também navegavam pelas mesmas vias os Bombeiros Voluntários da cidade, retirando famílias e animais de casas baixas em áreas mais alagadas. É a terceira vez em menos de 90 dias que as águas invadem as ruas da cidade.
— Da outra vez entrou em casa. Se chegar aos 14 metros acho que entra de novo — comenta Vitória Ferreira, 20 anos, nascida e criada no bairro.
— Ainda temos medo que suba mais, precisamos estar atentos ao que diz a prefeitura — complementa a sogra dela, Bibiane Chislag, 43.
A família se organizava para mover o trailer onde funciona uma lanchonete para uma parte mais elevada da rua. Dizem que na última cheia houve risco de a água subir pela porta e estragar eletrodomésticos que fazem a fonte de renda.
Às 10h não chovia na cidade. Os vizinhos do bairro Navegantes dividiam suas atenções entre as comunicações da prefeitura pelas redes sociais e com grupos de mensagens conversando com familiares que vivem em outros pontos sobre mais uma enchente na vida deles. Em outras regiões do Estado há registro de mortes por conta das cheias causadas pela chuva.