Do Parque do Imigrante, em Lajeado, no Vale do Taquari, parte o socorro para pessoas que ainda estão ilhadas em locais cercados pela água, onde não é possível acessar por terra. Na manhã desta sexta-feira (8), seis aeronaves atuam no auxílio aos atingidos pela enxurrada que assolou a região nesta semana.
No gramado do parque foi montada uma espécie de aeroporto improvisado, de onde decolam os helicópteros. O trabalho, que iniciou com os resgates de pessoas que não conseguiam deixar as residências, e passou também para a remoção de corpos de vítimas, está focado neste momento na ajuda humanitária.
Durante a manhã, as equipes abasteciam as aeronaves, carregando sacolas com alimentos, itens de higiene e água para serem entregues nesses locais. Segundo o comandante da Companhia Especial de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros do RS, o tenente-coronel Ricardo Mattei, que é responsável pela coordenação das operações aéreas, o trabalho chegou a contar com 11 aeronaves.
— Estamos numa fase de apoio, reestabelecimento e as buscas às pessoas desaparecidas. Nós temos um número que nos foi passado e pontos e localidades de onde elas teriam desaparecido. A atividade continua sendo feita com as aeronaves. Ainda em alguns pontos existem comunidades que estão ilhadas, sem acesso por terra — explica.
Segundo o comandante, essas famílias não são retiradas desses locais no momento porque não há risco de que o alagamento atinja as moradias e porque elas optaram por permanecer nas moradias. Por isso, estão sendo levados diariamente alimentos, inclusive marmitas prontas, remédios, peças de roupas, cobertores, água e itens de higiene. As entregas têm sido feitas em localidades de Encantado, Muçum e Cruzeiro do Sul, principalmente.
— São alguns pontos de comunidades da parte rural, em que as casas tem espaçamentos maiores, são famílias. Essas pessoas não querem sair do local e, como não existe risco de colapso estrutural das suas residências, não temos como fazer a retirada compulsória, somente quando existe o risco — explica Mattei.
Às 9h14min, um helicóptero do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, que está apoiando o trabalho no Rio Grande do Sul, decolou do gramado carregado de mantimentos. Uma rede foi usada para içar parte dos itens. Pouco antes, aterrissaram uma aeronave da Força Aérea e outra da Brigada Militar. Participam ainda nesta sexta-feira das operações aéreas servidores da Polícia Militar de Santa Catarina, dos bombeiros do Paraná e da Polícia Rodoviária Federal.
Sobre os desaparecidos - há pelo menos 25 pessoas que não foram localizadas, segundo a Defesa Civil - as buscas ocorrerão com auxílio de cães farejadores. Os helicópteros também serão usados nesse trabalho, fazendo o deslocamento das equipes até os locais onde não é possível acessar por terra.
No Parque do Imigrante, estão abrigadas cerca de 300 pessoas que precisaram deixar suas casas. No local, as famílias estão recebendo doações e alimentação, além de atendimentos de saúde e psicossocial. Há ainda um espaço montado para as crianças, com uma brinquedoteca, onde elas podem brincar e desenhar. Perto dali, um grupo de músicos tocava instrumentos, numa tentativa de amenizar o momento enfrentado pelas famílias.
Na manhã desta sexta-feira, o Exército trabalha na montagem de barracas dentro do Parque do Imigrante, para que sejam usadas na assistência aos desabrigados. O Exército também fará a montagem de barracas e toldos em Roca Sales. Maquinários que estavam sendo empregados nas obras de duplicação da BR-116, no sul do RS, também serão deslocados para o Vale do Taquari, para serem empregados na desobstrução de locais.