As especulações, capitaneadas por prefeitos da região, sobre um eventual impacto de uma ação nas barragens do Complexo Energético Rio das Antas ter contribuído para as inundações que atingiram a região motivaram manifestações de órgãos de controle e de fiscalização na sexta-feira (8). A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), empresa que opera três barragens na região, garantiu que as estruturadas foram monitoradas em tempo real e não apresentaram risco de rompimento.
Até a manhã deste sábado, estavam confirmadas 41 mortes e 46 pessoas desaparecidas em função das enchentes que atingiram o Estado.
O assunto sobre as barragens começou a ser trazido à tona em publicações nas redes sociais, que falavam da possibilidade de comportas terem sido abertas, e levou à mobilização de prefeitos. O chefe do executivo de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira, cobrou mais transparência e diálogo por parte da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), empresa que opera três barragens na região.
A prefeitura de Bento Gonçalves mandou ofício fazendo questionamentos à Ceran e também pediu providências ao Ministério Público Federal (MPF), que afirmou ter aberto inquérito para apurar responsabilidades nas enchentes que atingiram a Serra e o Vale do Taquari. .
Enquanto a Ceran não se manifestava, a primeira a tratar o assunto na sexta-feira foi a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado que, por meio de nota, explicou:
"No caso das barragens da Ceran, em especial na atingida pelo evento climático (UHE Castro Alves), não existem comportas e a estrutura do vertedouro é do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento, não tendo ocorrido, durante o temporal, nenhuma liberação ou abertura mecânica".
Na tarde da sexta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) emitiu comunicado.
"A Ceran informou os órgãos competentes sobre as fortes vazões da usina. A ANEEL atua nas ocorrências que podem apresentar riscos de segurança à estrutura, no caso de cheia de reservatórios ou vazões acima da média, a competência é da ANA (Agência Nacional e Águas e Saneamento Básico) e do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que já estão atuando na situação citada".
A Ceran se manifestou apenas na tarde a sexta-feira, por meio de nota. O informe dizia que a empresa se solidariza com a tragédia ocorrida no Estado e que adotou as ações cabíveis junto ao Poder Público, "cumprindo todos os protocolos para garantir a integridade das barragens e, por consequência, a segurança da população".
A companhia ressaltou que as barragens não têm capacidade de armazenamento e nem de regular o fluxo do rio e que o excedente de água passa por cima da estrutura. A empresa destacou também que as estruturas foram monitoradas durante a chuvarada e que não apresentaram risco de rompimento.
Por fim, a Ceran se comprometeu a manter autoridades e a população informadas "sempre que houver fato relevante".
GZH solicita, desde a quinta-feira (7), entrevista com representante da companhia, mas a manifestação ocorreu apenas por nota oficial.