Uma corrente de solidariedade com as vítimas das inundações tem feito os depósitos da Defesa Civil, localizados no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), no Centro Histórico de Porto Alegre, ficarem lotados. O espaço recebe doações em um sistema de drive-thru – as pessoas chegam de carro e, imediatamente, equipes com bombeiros, integrantes do Exército e voluntários recolhem e levam os itens para triagem. Nesta sexta-feira (8), o atendimento segue até as 18h. No sábado (9) e no domingo (10), serão recebidas entre 8h e 18h. Em Porto Alegre e no Interior, a população também pode fazer doações nos quarteis da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros.
Na manhã desta sexta-feira, apesar da chuva e de muita gente estar trabalhando, o movimento no local intenso. Estabelecido na parte de trás do prédio da Secretaria Estadual de Educação, em um estacionamento onde ficam os veículos oficiais do governo do Estado, os depósitos concentram os itens levados pela população. Ao lado, onde há circulação de carros, uma tenda foi montada para sinalizar onde os motoristas devem parar para fazer as entregas. Sempre que um automóvel chega, bombeiros, militares do Exército e voluntários se aproximam para buscar os donativos.
Quem apareceu por lá foi a empresária Laura Regina da Silva Gluszszak, 63 anos. Proprietária de um estúdio de beleza no bairro Menino Deus, mobilizou as clientes para reforçar a boa ação.
— Muito, muito importante (essa iniciativa). Essas pessoas estão precisando muito de nós. Eu trouxe roupas de cama, roupas de inverno e alimentos que a gente arrecadou com as nossas clientes no estúdio — relatou Laura.
Já a professora aposentada Maria Inês Fochesatto, 70 anos, angariou doações entre as amigas.
— Juntamos algumas coisas e eu fui fazer umas compras de material de limpeza e produtos de higiene. A gente faz o que pode. Cada um faz um pouquinho e ajudamos todos — resumiu a idosa.
Maria Inês aprovou o funcionamento no formato drive-thru e diz que, levando os itens para a Defesa Civil, sabe que tudo chegará ao lugar certo:
— Fazer o bem faz bem. Imagina, se coloque no lugar deles, com a casa indo embora com tudo, com a roupa do corpo molhada. É muito importante (doar). Mas eu acho que o povo gaúcho sempre foi muito solidário, é uma característica. Eu acho que é uma característica do brasileiro.
Capitão da Defesa Civil, Guilherme Fregapani acompanhava o trabalho, que demanda um esforço de logística, organização e celeridade dos envolvidos.
— Essa questão do drive-thru foi muito eficaz. Tivemos o apoio aqui, além dos servidores da Defesa Civil, de voluntários, grupos de escoteiros e efetivo do Exército Brasileiro, para que essa organização fosse eficaz aqui e para que nós pudéssemos fazer essa coleta o mais rápido possível — pontuou Fregapani.
O capitão alertou, ainda, que a Defesa Civil não recebe doações com PIX e que é importante que a população se atente a isso, para não cair em golpes:
— O que acontece é que algumas organizações e empresas estão fazendo as suas próprias coletas via PIX e, então, elas (compram os itens e) entregam aqui na central todas essas doações.
Com donativos recebidos o tempo todo, a Defesa Civil do RS não dispõe, atualmente, de um dado consolidado do que já foi arrecadado. Nos depósitos, era possível ver uma quantidade significativa de garrafas d’água, alimentos e produtos de limpeza. Também havia itens como roupas, colchões e brinquedos. Todos os dias, caminhões carregam os materiais para as regiões afetadas pelas inundações.