A cheia do Rio Caí, nesta quinta-feira (13), obrigou centenas de pessoas a deixarem suas casas em São Sebastião do Caí. Ao menos 194 moradores tiveram que se instalar em abrigos do município, e a prefeitura estima que outros 30 estejam desalojados — ou seja, se encontram em residências de parentes.
A maioria da população atingida foi encaminhada para o Ginásio Esportivo Rio Branco. Até as 13h, eram 52 famílias — ou 171 pessoas — abrigadas no local. Dentro da estrutura, os moradores armavam barracas e colocavam colchões, móveis e utensílios que foram retirados das casas antes que a água as invadisse.
Quem vive em residências mais próximas do rio foi removido pela Defesa Civil municipal ainda na noite de quarta-feira (12). É o caso do jardineiro Taciano Silva, 34 anos, que já teve pertences perdidos durante a passagem do ciclone de junho. Na ocasião, mais de mil pessoas foram afetadas na cidade.
— É uma situação constrangedora para todos nós que estamos aqui. Na outra vez, a gente perdeu bastante coisa, como estante, sofá. Agora a gente só veio (para o ginásio) com o que sobrou — afirmou Taciano.
Ao longo da manhã, o ginásio lotou devido à quantidade de móveis trazidos pelos desabrigados. Com isso, a prefeitura disponibilizou um novo espaço, no Centro de Integração Navegantes. No local, outras seis famílias foram encaminhadas, totalizando 23 pessoas.
Uma delas é Teresinha da Conceição, que trabalha com pavimentação, e mora com o marido e três filhos. Assim como Taciano, ela também teve perdas no evento do mês passado.
— É uma sensação horrível, porque a gente trabalha e trabalha e nunca tem nada. Mas temos que pensar que tem gente em situação pior que a nossa — desabafa.
Rio Caí subiu quase 90 centímetros em quatro horas
O grande número de pessoas desabrigadas ocorre devido ao rápido aumento do nível do Rio Caí. Às 8h, um dos marcadores apontava para a altura de 11m22cm. Ao meio-dia, o rio atingiu a marca de 12 metros. O volume considerado normal é de aproximadamente 1m50cm.
Segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, comandante Enio dos Santos, o rio deve continuar subindo nas próximas horas, mas com uma velocidade menor. Não há previsão de novas retiradas da população ribeirinha, salvo em casos pontuais.
— O ritmo de subida é cada vez mais lento e esperamos uma estagnação no final da tarde. Se tivermos que retirar mais pessoas, será em casos específicos, em que eventualmente a água possa atingir — afirmou.