A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) aprovou nesta quarta-feira (260 uma meta de ter 37% de seus professores negros em seis anos. Atualmente esse índice é de 5,34%. Para isso, os próximos concursos a partir do segundo semestre deste ano vão apenas selecionar docentes pretos e pardos.
A iniciativa é inédita entre grandes universidades brasileiras. O índice de 37% é uma referência à porcentagem de negros na cidade de São Paulo segundo o IBGE. Nos últimos anos no país, e depois da lei da cotas aprovada em 2012, aumentou o número de instituições com políticas afirmativas no ingresso de alunos. Mas o mesmo não ocorreu entre funcionários e professores.
A Universidade de São Paulo (USP), como afirmou ao Estadão no início da sua gestão o atual reitor Gilberto Carlotti Junior, também estuda ter cotas raciais em seus concursos para professores.
Recentemente, a USP lançou uma bolsa de pós-doutorado, de R$ 8 mil, para pesquisadores negros e criou uma lista de docentes pretos que poderão ser chamados para compor bancas de seleção de professores. O objetivo, segundo a nova pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento da USP, é incentivar que as bancas tenham, pelo menos, 40% de sua composição formada por representantes de grupos minoritários, como pretos, pardos e indígena. A instituição tem hoje 5.412 docentes, 129 se autodeclararam pretos e um indígena
Na PUC-SP, cada unidade terá que chegar aos 37% e o programa pode ser prorrogado se a quantidade não for atingida, segundo a pró-reitora de Cultura e Relações Comunitárias, Monica de Melo.
— É uma medida de reconhecimento e reparação e que também agregará saber à universidade, propiciará uma mudança de bibliografia, com mais autores negros. Somos hoje uma universidade branca — afirma.
A instituição não tem uma política afirmativa para ingresso de alunos negros no vestibular, mas, segundo ela, "é algo que tem que caminhar". São atualmente 12 mil alunos de graduação e pós na PUC-SP.
Os novos professores negros que serão contratados entrarão em vagas que podem ser abertas por aposentadorias, demissões ou demandas específicas de unidades. Nos últimos seis anos, a PUC contratou 170 docentes. O quadro atual é de 1.200, portanto, para chegar ao índice de 37% serão necessárias mais de 400 contratações.
— No imaginário das pessoas pode parecer que não há tantos docentes doutores para concorrer às vagas, mas acho que vamos nos surpreender — afirmou Monica.
Segundo ela, os candidatos às vagas poderão se autodeclarar negros, mas uma comissão externa também fará a identificação.