Uma novidade importante para os interessados nos programas de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vai entrar em vigor em 2023. A instituição aprovou, por unanimidade, a criação de uma política de cotas para todos os cursos mestrado e doutorado, especialização e residência profissional ou multiprofissional em saúde. A medida prevê uma reserva de, no mínimo, 30% para pretos e pardos, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, travestis e transexuais, refugiados ou pessoas com visto humanitário e migrantes em condições de vulnerabilidade social.
O Programa de Ações Afirmativas foi aprovado pelo plenário do Conselho Universitário (Consun) na última sexta-feira (13). O debate sobre cotas para a pós-graduação já ocorria desde 2018 na universidade. Alguns cursos já tinham cotas, mas com regras próprias. A UFRGS criou um grupo de trabalho com representantes de dentro e fora da entidade para ampliar a discussão. A partir de agora, com a resolução, a medida passa a ser institucional e padronizada.
Atualmente, a UFRGS tem 110 programas de mestrado e doutorado, 70 cursos de especialização e 50 programas de residência profissional ou multiprofissional em saúde (por exemplo, em Odontologia), com cerca de 17 mil alunos. De acordo com o pró-reitor de Pós-Graduação, Júlio Barcellos, a medida já está em vigor para os próximos editais de ingresso, o que deve beneficiar em torno de 5 mil candidatos.
— No nosso entendimento, ciência não tem cor, raça, classe social nem gênero. Nós chamamos essa política de um mecanismo equilibrador. Estamos orgulhosos. No caso dos cursos de especialização, somos a primeira universidade federal do Brasil a implementar esse sistema de ações afirmativas — afirma.
Para a inscrição e o ingresso, a universidade vai exigir a autodeclaração. No entanto, Barcellos garante que haverá mecanismos de verificação para evitar fraudes. Ele explica que o fato de a UFRGS já ter experiência com a política de cotas nos cursos de graduação irá ajudar bastante. No entanto, o pró-reitor pondera que garantir o acesso, apesar de ser um passo importante, não é suficiente:
— Hoje, nosso índice de conclusão nos cursos de mestrado e doutorado é de 90 a 95%. Temos que manter este indicador alto. Por isso, as ações e políticas de permanência são fundamentais e nós vamos cobrar e lutar por isso. Na pós-graduação, os alunos precisam se dedicar quase que exclusivamente aos estudos, são cursos que exigem muito tempo e muita pesquisa. Mas estamos otimistas.
Se os 30% de cotas não forem preenchidos, as vagas serão preenchidas por meio do acesso universal.