O número de cidades gaúchas que decretaram situação de emergência em razão da estiagem já chegou a 356 nesta quinta-feira (2). O volume representa 72% dos 497 municípios. Com o decreto, as prefeituras passam a ter direito a uma série de benefícios para minimizar os danos. Nesta quinta-feira (2), foi anunciada a liberação de R$ 100 milhões para auxílio aos municípios pelo governo federal. Além disso, a chuva que caiu no Estado nos últimos dias foi um alento e ajudou a reduzir os impactos especialmente na agropecuária.
Segundo a Defesa Civil do RS, das cidades que assinaram decretos, 278 já foram homologados pelo governo do Estado. Outras 253 receberam reconhecimento da União. Na quarta-feira (1º), outros 46 municípios gaúchos tiveram a situação de emergência homologada no Diário Oficial do Estado.
Embora a situação seja crítica, em relação ao mesmo período do ano passado, há redução de 13% no número de municípios em situação de emergência. Conforme dados da Defesa Civil, entre dezembro de 2021 e março de 2022, havia 411 municípios com decreto de situação de emergência por estiagem no RS. Já entre dezembro de 2022 e março de 2023, são 356.
Aporte federal
Na noite desta quinta-feira (2), a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) informou ter obtido a confirmação do governo federal, através da Defesa Civil Nacional, que estão assegurados os recursos para que os municípios busquem socorro humanitário. O repasse para auxílio emergencial será disponibilizado para aquisição de cestas básicas, aluguel de carro-pipa e combustível.
De acordo com a Famurs, R$ 100 milhões serão repassados pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. Conforme dados obtidos pela entidade, estão disponíveis para auxílio aos municípios gaúchos os seguintes itens e valores: uma cesta básica por família de até quatro pessoas por três meses com valor teto de R$ 248, aluguel de até dois carros-pipa por três meses por município, com valor de até R$ 18 mil mensais por veículo e até R$ 20 mil mensais para combustível por município, durante até três meses.
No dia 22 de fevereiro, quando uma comitiva de ministros esteve no município de Hulha Negra, no sul do RS, o governo federal anunciou que liberaria R$ 430 milhões para ações emergenciais de combate à estiagem e auxílio às famílias afetadas pela seca no RS. O valor é destinado para uma série de medidas emergenciais, entre linhas de crédito e ajuda humanitária.
Chuva recente amenizou danos
Em algumas localidades, como o município de Hulha Negra, no sul do RS, a falta de chuva provocou perdas de até 90% na lavoura. No entanto, um informe da Emater-RS publicado nesta quinta-feira (2) aponta que a chuva que caiu recentemente colaborou para a melhoria das condições do gado de corte em algumas localidades, pois houve aumento da oferta das forrageiras, que são plantas utilizadas para alimentar os animais, além da melhoria das fontes de água.
Contudo, o volume ainda não foi suficiente para a recuperação dos campos e reservatórios em algumas regiões. Nos locais em que choveu, a Emater relata que, além de melhorar as condições de umidade do solo e beneficiar as plantas, a chuva manteve a umidade relativa do ar mais elevada, amenizando o efeito da temperatura alta, garantindo o bem-estar dos rebanhos também na bovinocultura de leite.
Segundo a Emater, com a melhora do clima, os animais puderam acessar as áreas de pastejo sem restrições de horários. Além disso, as pastagens nativas estão em plena recuperação após o longo período de estiagem. outra atividade beneficiada pelas precipitações foi a apicultura, que teve registro de bom aporte de néctar e pólen para as colmeias.
A incidência de chuva, mais concentrada ao norte do RS, atenuou a falta de umidade em parte das lavouras de soja, onde os volumes acumulados ultrapassaram 30mm. As pancadas de chuva ocorridas entre 23 e 24 de fevereiro, mesmo irregulares e em volumes muito variados, beneficiaram a menor parte dos cultivos de milho.
Para esta sexta-feira, a chuva pode aparecer, a qualquer momento, na Fronteira Oeste, nas Missões, na Campanha e no Noroeste. Há tendência de que este quadro de instabilidade, com chuvas mais generalizadas, se mantenha ao longo dos próximos dias.