Ainda de maneira sutil, as perdas causadas pela estiagem já trazem efeitos sobre os valores dos grãos. É o que aponta o levantamento mensal dos índices de inflação do agronegócio, da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Os preços recebidos pelos produtores rurais tiveram leve avanço, de 0,18% em janeiro, na comparação com o mês de dezembro. No acumulado de 12 meses, a alta sobe para 3,9%. Entre os grãos que entram na avaliação estão arroz, milho e soja.
— Toda vez que há estiagem, tem aumento dos preços. É muito cedo para falar de 2023, mas olhando para o primeiro mês, é possível ver impactos de uma segunda safra de perdas. E o mercado segue precificando essas estimativas — diz a economista da Farsul Danielle Guimarães.
Ainda que possa parecer um cenário positivo, não é, alerta Danielle. A valorização seria uma boa notícia se o agricultor tivesse produto para vender. Com o tempo seco, deve-se ter novamente oferta restrita.
No quesito custos de produção (IICP), janeiro registrou uma queda de 3,31% comparação com dezembro. No acumulado dos 12 anos, a retração chega a 12,14%.
— O mercado agora entendeu que o Brasil está com oferta interna (do produto) — resume Danielle, referindo-se à precificação até então da possibilidade de desabastecimento do insumo em razão da pandemia e da guerra no Leste Europeu.
*Colaborou Carolina Pastl