A estiagem que atinge o Estado e causa perdas nas lavouras e na pecuária também seca açudes e afeta a piscicultura no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater-RS, a média de venda dos chamados alevinos, que são filhotes de peixes, ao criador final costuma ser de 36 a 40 milhões, mas, neste ano, essa comercialização sofreu redução de 80%.
Os criadores primários vendem os filhotes de peixe para os piscicultores, que criam os animais até a fase adulta para a venda final ao consumidor. De acordo com o zootecnista João Sampaio, assistente técnico regional de produção animal da Emater-RS e que responde hoje pela área de piscicultura no Estado, como não há água em boa parte das piscinas utilizadas para o crescimento dos espécimes, essa operação fica comprometida — os psicultores não compras os filhotes porque não têm onde criá-los. Sampaio estima que cerca de 40% dos espaços não existam mais.
— Nos três últimos anos, nos surpreendeu que o volume de peixes comercializado no Estado teve um crescimento. Mas, neste ano, eu não sinto segurança de afirmar isso. Precisamos que chova, para encher os açudes. A piscicultura ajuda no sustento da família dos produtores — afirma Sampaio.
A Emater afirma, contudo, que a oferta de pescado se manterá para a Semana Santa, com preços típicos para a época:
— Por enquanto, haverá abastecimento de pescado, mas pode haver um aumento no número de produtos vindo de fora do Estado, principalmente do Paraná e dos Estados da região Centro-Oeste. Por lá, o custo de produção é menor, e o pescado chega ao Rio Grande do Sul com um valor bom, ainda.
Feira do Peixe-Vivo é suspensa em Lajeado
Os efeitos da estiagem na Região dos Vales já são sentidos por quem costuma comprar o pescado na Feira do Peixe-Vivo de Lajeado. Realizada mensalmente, e inicialmente prevista para ocorrer nesta sexta-feira (10), a feira foi cancelada pela falta de oferta por parte dos produtores.
— Corremos o risco de isso se repetir em outras regiões do Estado. A pior estiagem, até pelo que a gente vê pelas notícias, é na Fronteira Oeste. Temos piscicultores em todas as regiões. Se aqui nos Vales está nessa situação, em outras pode ocorrer também - afirma o zootecnista.