A Marinha do Brasil afundou no final da tarde desta sexta-feira (3) o porta-aviões São Paulo, que estava desativado e navegando há meses no mar após ser proibido de entrar no Brasil e no exterior.
Ainda nesta sexta, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) liberou que a Marinha afundasse a embarcação, rejeitando um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que via grave risco ambiental na decisão.
"O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro", afirma a força naval, por meio de nota.
Três buracos no casco do navio fizeram com que o porta-aviões se enchesse de água, o que tornou o afundamento inevitável, segundo uma inspeção realizada pela Marinha. De acordo com o documento, se nada fosse feito, o porta-aviões iria afundar de forma descontrolada até meados de fevereiro.
Na nota divulgada pela Marinha do Brasil, há a confirmação de que o antigo porta-aviões São Paulo foi naufragado em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), a 350 quilômetros costa brasileira e com profundidade aproximada de 5 mil metros. O local fica próximo ao Estado de Pernambuco, no Nordeste
O documento diz ainda que a área "foi selecionada com base em estudos conduzidos pelo Centro de Hidrografia da Marinha e Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira".
"As análises consideraram aspectos relativos à segurança da navegação e ao meio ambiente, com especial atenção para a mitigação de impactos à saúde pública, atividades de pesca e ecossistemas", diz o texto da Marinha.
O navio-aeródromo (NAe) São Paulo (A-12) era um porta-aviões da classe Clemenceau, que esteve a serviço da Marinha do Brasil entre os anos 2000 e 2014, tendo sido descomissionado em 2020 e seu casco leiloado em 2021.
A embarcação então deixou o Rio de Janeiro em 4 de agosto de 2022 com destino à Turquia, onde seria desmanchada. Quando chegava no Estreito de Gibraltar – entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo – o país cancelou a autorização para que ela atracasse, por considerar risco ambiental. Sem conseguir atracá-la para desmanche-verde (ecologicamente correto) em outro país, a transportadora do porta-aviões, que já havia se queixado do prejuízo causado pela disputa jurídica em torno da embarcação, anunciou no dia 11 de janeiro deste ano que abandonaria o casco do navio no mar, caso a Marinha não se dispusesse a assumi-lo. Em 20 de janeiro a Marinha reassumiu o navio.