As denúncias contra o médico João Couto Neto, de Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, investigado por supostamente cometer erros cirúrgicos e, inclusive, causar a morte de pacientes, têm aumentado ao longo da investigação. Já são 109, segundo números atualizados que a reportagem de GZH teve acesso nesta quinta-feira (19). Destes, 27 se referem a pacientes que morreram supostamente em decorrência das intervenções do cirurgião.
Por enquanto, não há prazo para conclusão do inquérito que investiga o médico por suposta imperícia e negligência. A maior parte dos relatos aponta para perfurações de órgãos, dores e infecções causadas por supostos erros do cirurgião.
De acordo com o delegado Tarcísio Lobato Kaltbach, responsável pelo caso, já foram colhidos 75 depoimentos, entre pacientes e familiares de quem morreu. Ele conta que as oitivas são extensas e têm ocorrido, inclusive, durante o turno da noite. O próprio médico também compareceu à delegacia, acompanhado de advogados, mas optou por falar apenas em audiência judicial, segundo o delegado. Na próxima fase de oitivas, Kaltbach quer ouvir funcionários do Hospital Regina, onde o profissional atuava em Novo Hamburgo.
— Quero ter uma reunião com o Ministério Público para alinhar quais são os quesitos que o promotor julga necessário que possamos avaliar. Iremos também questionar o Instituto-Geral de Perícias (IGP) sobre a relação de causa entre as queixas das pessoas. Tudo para que o trabalho seja assertivo — acrescenta o delegado.
Couto está em liberdade, mas está impedido de realizar cirurgias por 180 dias. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) formalizou a suspensão do profissional em 6 de janeiro.
O que diz a defesa de João Couto Neto
Nesta quinta-feira, o advogado Brunno Lia Pires reafirmou que ainda não teve acesso à totalidade dos relatos registrados no inquérito. Ele mantém a nota já divulgada anteriormente:
"Em virtude de a defesa do dr. João Couto Neto não ter tido acesso à integralidade dos autos do inquérito, qualquer manifestação nesta hora seria precipitada. Importante frisar que será sim apresentada a versão do médico em momento oportuno, quando todos os documentos necessários tiverem sido aportados à investigação. A defesa tem plena certeza de que os fatos serão, com o tempo, devidamente esclarecidos, comprovando-se a completa correção nos procedimentos adotados pelo médico".