Responsável pelo abastecimento de água em quatro cidades da Região Metropolitana, o Rio Gravataí está em situação crítica de estiagem, conforme explica o Presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, Sérgio Cardoso, durante entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, na tarde desta terça-feira (27).
— Estamos em uma situação crítica, todos que captam água diretamente do rio não estão podendo usufruir — disse.
Segundo Cardoso, a diferença para os anos anteriores é que foi realizada uma organização melhor para reclamar e definir obras estruturantes, que propiciam o armazenamento de água, porém, ele não descarta a possibilidade de racionamento.
— Nosso problema não é falta de chuva, é falta de armazenamento de água e políticas públicas para tal. Existe a possibilidade de racionamento de água. Estamos tentando fazer com que prefeitos assinem decretos para a área urbana economizar. Ainda temos dois meses, janeiro e fevereiro, que vão precisar da atenção dos gestores para que não falte água nas torneiras — alerta.
O presidente do Comitê reclama que mesmo com uma legislação sobre o tema vigente no Estado há 28 anos, o abastecimento não é uma prioridade das políticas públicas dos governos que assumem o Rio Grande do Sul. Cardoso ressaltou que existem obras que iniciaram no governo Yeda Crusius, em 2007, e até hoje não foram terminadas.
— Quando o gestor não reage fica difícil. Estamos terminando uma gestão sem atenção do governo. Quando pensamos que somos um Estado agrícola e que todo ano enfrentamos as mesmas dificuldades, para mim se torna uma questão cultural, não tem outra explicação. Enfrentamos o mesmo problema, ano após ano, e os governos que assumem não resolvem. Existem obras que iniciaram no governo Yeda e até hoje não terminaram. Amadores não podem mais fazer gestão no Rio Grande do Sul — emenda.
De acordo com o presidente do Comitê, o cenário é mais delicado no Gravataí por se tratar de um rio de planície e com baixa capacidade de armazenamento. Além disso, é muito assoreado, carregando um volume elevado de areia.
— Temos períodos em que a água do Guaíba entra ao invés de sair da bacia do Gravataí. Além da falta de chuvas, temos o alto consumo na área urbana. Estamos pressionando prefeitos para realizarem melhor a gestão da área urbana e da área rural — completa
Conforme Cardoso, está prevista a construção de mini-barramentos para segurar a água dentro da bacia do rio, porém, as obras estão paradas desde 2018. Ele especifica que os recursos ficaram dois anos e meio trancados, até a liberação neste ano, e pede que no primeiro ano do próximo governo já seja licitada a execução da obra.
— Se a próxima gestão não tratar o abastecimento como prioridade, a situação não irá mudar. Queremos que no primeiro ano do próximo governo já ocorra a licitação e execução da obra. Porém, em 2023 e 2024, podemos enfrentar as mesmas dificuldades caso nada seja feito — avisa.